O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) acusou o governo de usar a verba de emendas parlamentares para barganhar votos contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff. De acordo com ele, o ministƩrio da Fazenda adiantou pagamentos e priorizou a verba de emendas pagas individualmente aos parlamentares em vez de verbas para as bancadas dos Estados.
“O governo estĆ” lanƧando mĆ£o de todo tipo de artifĆcio para impedir o impeachment. Dilma mandou seu ministro da Fazenda antecipar o pagamento de emendas de forma direcionada como uma barganha por votos”, afirmou Caiado. Para o senador, o adiantamento dos pagamentos tem objetivo polĆtico e os valores serĆ£o usados para incentivar os deputados a votar contra o impeachment.
Caiado mostrou que, em decreto do Ćŗltimo dia 30, sobre a limitaĆ§Ć£o de movimentaĆ§Ć£o financeira, a presidente Dilma manteve o contingenciamento da verba para emendas de bancadas estaduais, mas liberou o pagamento de R$ 6,6 bilhƵes para emendas individuais.
Apesar do valor pago individualmente a cada parlamentar ser o mesmo, o governo pode empenhar os valores aos poucos atendendo primeiramente alguns nomes. O senador Caiado acredita que esta seja uma forma de transferir a verba de forma seletiva, para garantir o apoio de parlamentares especĆficos.
Caiado tambĆ©m apresentou a portaria 96/2016, assinada pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, que altera o cronograma de programaĆ§Ć£o financeira, antecipando o pagamento de R$ 1,8 bilhĆ£o para oito ministĆ©rios. Na Ć©poca, o ministro justificou que era necessĆ”ria uma adequaĆ§Ć£o do calendĆ”rio aos fluxos mensais de despesas dos ministĆ©rios.
Mandado de seguranƧa
Para impedir a liberaĆ§Ć£o de emendas parlamentares de forma seletiva, Caiado e o deputado Pauderney Avelino (DEM-AM), entraram com mandado de seguranƧa preventivo no Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com Caiado, a intenĆ§Ć£o nĆ£o Ć© barrar o repasse das emendas, mas garantir a liberaĆ§Ć£o de forma igualitĆ”ria e impessoal.
Desespero
Em resposta Ć s acusaƧƵes de Caiado e outros membros da oposiĆ§Ć£o que tĆŖm acusado o governo de comprar votos contra o impeachment com cargos e liberaĆ§Ć£o de verbas, o lĆder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), afirmou que Ć© uma estratĆ©gia de desespero.
“Ć um desespero da oposiĆ§Ć£o, que vai tentar qualificar o trabalho que estĆ” sendo feito de reaglutinaĆ§Ć£o da base como compra de votos e troca de favores. NĆ£o estĆ” acontecendo nada disso, atĆ© porque a reforma ministerial e a ocupaĆ§Ć£o de cargos sĆ³ se darĆ” depois que nĆ³s tivermos a votaĆ§Ć£o do impeachment deliberada”, defendeu.
O senador avaliou que a oposiĆ§Ć£o atĆ© pouco tempo contava o impeachment como certo, mas que agora estĆ” assustada com a forma como o governo tem reconstruĆdo sua base. “HĆ” uma tentativa de fragilizar o governo, e Ć© Ć³bvio que atĆ© o dia da votaĆ§Ć£o vamos ter muitos factĆ³ides”, disse.