Jesus Cristo nasceu em Belém, na Judéia, provavelmente entre os anos 4 e 7 a.C. Parece mais um milagre, ou mais um dos dogmas da Igreja, o fato de Jesus ter vindo ao mundo alguns anos antes dele mesmo. O paradoxo, aparente, deve-se a um erro de data cometido no século VI e atribuído a Dionísio, o Pequeno, monge encarregado pelo papa João I de organizar um calendário a partir do nascimento de Cristo. A correção desse erro só viria a ser feita muito depois, no século VIII. Outra aparente discrepância é também o fato de o dia 25 de dezembro ser festejado como a data natalícia de Jesus. Ele, na realidade, teria nascido entre janeiro e março, tanto que, até o século IV, as igrejas orientais comemoravam o Natal no dia 6 de janeiro. A partir daí, foi adotado o 25 de dezembro para “cristianizar” uma festa pagã dos romanos que era dedicada ao nascimento do “sol inconquistado”, já que no Hemisfério Norte a data marca o solstício de inverno – o dia mais curto do ano.

Essas são apenas algumas das muitas controvérsias em torno do cristianismo. Detalhes, é certo, que não ofuscam o fato de Jesus Cristo ter se transformado numa das pessoas mais importantes – senão a mais importante – da história da humanidade. O especial sobre os 2000 anos do cristianismo, que começa à pág. 55, teve a coordenação do editor Cláudio Camargo e da editora-assistente Kátia Mello, pesquisa iconográfica de Magali Giglio e Max G Pinto e apresenta textos de Leonardo Boff, Roberto Romano, Rubem Alves e Ricardo Mariano, entre outros. A capa é um detalhe sobre a pintura Cristo, Maria e São João Batista, de Jan Gossaert, chamado Mabuse (1472-1536), em exposição no Museu do Prado, em Madri.