Chegamos até aqui em carros que poluem e não voam, como os de Blade Runner, nossas casas não são limpas por simpáticos robôs, a exemplo da Rose, dos Jetsons, tampouco nossas roupas têm o charme cintilante das de Barbarella. Mesmo assim, e até porque nossa imaginação já mostrou ser capaz de ir mais longe do que a própria realidade, estamos no limiar de um tempo de grandes transformações. As perspectivas – e é disso que trata toda esta edição especial de ISTOÉ – são boas. Na segunda metade do século XX, tivemos avanços cietíficos que nos colocam neste exato momento em meio a uma revolução tecnológica. Internet, telecomunicações e computador são palavras recorrentes ao longo desta revista e seus impactos são analisados em temas tão distintos quanto política, meio ambiente, educação, negócios e cultura. Já se antevê, por exemplo, conquistas na vida urbana, onde a tendência é de que as pessoas não mais se amontoem em mgalópoles e optem pela tranquilidade das cidades de porte médio. Na saúde, a ciência caminha para detectar doenças ainda antes de elas se manifestarem. Promete também desenvolver alimentos enriquecidos em nutrientes e substâncias preventivas de diversos males.
Também deverá prevalecer no ensino uma filosofia menos voltada para o acúmulo puro e simples de conhecimento e mais focada na exploração das potencialidades individuais e na formação de verdadeiros cidadãos. Neste aspecto, já temos bons motivos para sermos esperançosos. A entrevista que abre esta edição, com crianças de 10 a 13 anos, escolhidas aleatoriamente em diferentes escolas de São Paulo é reveladora. Esse meninos e meninas têm perfeita noção do mundo que os cerca, seus perigos, virtudes e defeitos. Opiniões temperadas com moderadas pitadas de saudável ingenuidade. A eles e a nós cabe enfrentar alguns grandiosos desafios neste próximo milênio – que para os puristas do calendário começa mesmo somente em 2001. Do desencanto com a política aos flagelos com a pobreza e da desigualdade social, passando pela busaca de soluções para uma melhor convivência entre homem e meio ambiente e de formas para conter o desemprego, fruto fruto da própria expansão da tecnologia. Como a festa já passou, mãos à obra.