O governo Lula atravessou o tenebroso mês de agosto e completou seu oitavo mês de vida com razoável louvor.

Em seu discurso na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, na quinta-feira 4, o presidente festejou a aprovação – ainda sem a votação dos destaques – da reforma tributária. Lula demonstrou felicidade, mas não disfarçou uma ponta de raiva com as acusações contra seu jeito de negociar. O presidente disse que “qualquer negociação é interpretada por alguns como se fosse a política do ‘é dando que se recebe’, como se fosse uma coisa maléfica”. Ele tem entre seus maiores patrimônios a arte da negociação. Este dom foi caprichosamente burilado e torneado nos seus tempos de líder metalúrgico e sempre foi um jogo de perde e ganha, no qual vence quem ganhar mais e ceder menos. Porém, ceder faz parte das regras. E até agora, como provam as vitórias do governo nas reformas da Previdência e tributária, Lula está vencendo. E o País também.

O presidente, naquele mesmo dia, conclamou os empresários a investir. “Vamos conversar e vamos colocar a mão no bolso e vamos acreditar neste país”, disse ele. Como nos mostra a reportagem de Célia Chaim e Lino Rodrigues, que começa à pág. 80, isto já está acontecendo. Pelo menos em alguns importantes setores. Os planos de investimento de algumas empresas para o ano 2004 revelam que a crença no País é uma realidade e o otimismo ainda é a tônica. Por falar em otimismo, é bom que se diga que a crítica faz parte do jogo. Mais: ela é combustível precioso para que um governo que se pretende inteligente e democrático possa balizar e aferir suas ações. O mesmo já não se pode dizer sobre a crítica oportunista e o pessimismo.