O Partido Comunista da China quer evitar que a onda de protestos pró-democracia ocorridos em Hong Kong em 2019 e 2020 se repita nos próximos anos. As manifestações lideradas em sua maioria por jovens foram duramente reprimidas pela polícia local. Para suprimir a voz dos descontentes, o atual governo de Xi Jinping vai promover uma série de mudanças na grade curricular das escolas da ex-colônia britânica incorporada à China em 1997. A partir de agora, crianças a partir dos seis anos terão aulas sobre os riscos de subversão e de conluio com forças estrangeiras, baseados na Lei de Segurança Nacional aprovada no ano passado. Os planos divulgados pelo departamento de educação mostram que a intenção do governo não é apenas diminuir a insatisfação e as críticas à falta de democracia na gestão de Xi Jinping, mas também influenciar de maneira significativa a formação cultural das crianças de Hong Kong.

O planejamento para jovens ainda no jardim de infância inclui aulas e atividades sobre a importância de tradições chinesas, como festivais, culinária e músicas consideradas históricas no país. Crianças que estiverem nos primeiros anos do ensino fundamental aprenderão a respeitar o hino da China, e terão aulas básicas sobre delitos previstos na lei de segurança nacional, como terrorismo e tentativa de secessão. Os temas serão aprofundados assim que o aluno for avançando nas séries escolares. Como é de se esperar, professores estão impedidos de fazer qualquer comentário ou avaliação de conotação política, sob risco de prisão. Eles também serão responsáveis por remover de suas bibliotecas livros e obras que, de acordo com a visão do governo chinês, possam colocar a segurança nacional em risco ou influenciar politicamente os alunos contra os ideais do Partido Comunista.