Se estivesse vivo, o baiano Carlos Marighella estaria completando 100 anos na semana passada.
Foi um dos principais combatentes armados da ditadura militar liderando a Ação Libertadora Nacional, era carta premiada que todo torturador queria ter nas mãos e troféu de caça que todo agente da repressão queria ter matado. O delegado Sérgio Fleury, carrasco número 1 da ditadura, entrou para a história como o homem que em 1969 matou Marighella numa emboscada em São Paulo. Mentira: Fleury estava bêbado na campana fingindo que namorava para ludibriar sua presa, e quem atirou foi um de seus policiais chamado Traille. O delegado mandou o tira calar-se para sempre para ficar com as glórias e propagandeou que fora ele quem atirara. Na semana passada o Ministério da Justiça finalmente concedeu anistia política post mortem ao guerrilheiro e ex-deputado constituinte de 1946. Mas ainda lhe falta livrar-se do peso de carregar em sua biografia o nome de Fleury como o homem que o matou.