O arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa, está sendo acusado de abuso sexual por quatro ex-seminaristas. As supostas vítimas falaram ao ‘Fantástico’, da Rede Globo, que foi exibido no último domingo (3).

De acordo com os relatos, os supostos abusos teriam acontecido na casa onde vive Dom Alberto. O arcebispo costumava convidar os seminaristas para visitá-lo na residência.

“Parecia algo inalcançável. ‘Nossa! Eu fui chamado para ir à casa do arcebispo’. Você se sente importante naquele momento”, conta um dos ex-seminaristas ao ‘Fantástico’.

As supostas vítimas teriam entre 15 e 18 anos de idade, quando frequentaram a residência em Belém, entre 2010 e 2014. Um dos ex-seminaristas falou que os encontros aconteciam em três lugares: na capela, onde se falava sobre vocação religiosa; na sala, onde o tema eram os estudos; e no quarto, onde falavam sobre intimidade e onde os abusos ocorriam.

“Quando ele me tocou, na minha parte íntima, disse que aquilo ali era normal, coisa do homem. Mas, assim, eu não via maldade, porque confiei muito, por ele ser uma autoridade, também não tinha experiência. Mas aquilo foi se tornando já permanente e já mais agressivo. Ele já me recebia na porta e já ia logo pegando”, conta o ex-seminarista, que sofreu os abusos por dois anos.

O suposto abuso sexual é alvo de inquérito aberto pela Polícia Civil a pedido do MP-PA (Ministério Público do Pará) e também é investigado pelo Vaticano.

Com as identidades preservadas pela reportagem, os ex-seminaristas foram identificados por letras. “S” contou que os assédios teriam começado logo quando conheceu Dom Alberto, em 2010. Além do assédio sexual, ele relata ter sido vítima de assédio moral.

“Quando eu comecei a falar para ele que eu queria sair do seminário por isso, isso e isso, comecei a chorar. Ele mudou o humor, repentinamente. Bateu na mesa, me xingou de ‘viado’, disse que chorar era coisa de ‘viado’, que eu tinha que ser homem, que eu tinha que ser forte. E isso tudo gritando, assim, de maneiro que até chegou a me assustar. E aí nesse dia que ele levantou da mesa dele e me abraçou. Ficou pegando nos meus órgãos genitais, apalpando. Me abraçou, me deu outro beijo perto da boca, disse que gostava muito de mim, que queria me ver ordenado padre”, contou.

Ao “Fantástico”, o advogado do arcebispo, Roberto Lauria, disse que ele ainda não foi ouvido pela polícia ou pelo MP, mas “está à disposição”.

“Obviamente que a primeira coisa a ser dita é a negativa e o repúdio a essa denúncia”, afirmou. “Nós vamos provar ao final desse inquérito que, diferentemente do que se pensa, os denunciantes não são quatro pessoas isoladas. São um grupo de pessoas que têm um profundo recalque, um profundo sentimento de vingança por Dom Alberto”.