A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) afirmou nesta segunda-feira (14) que a China usa critérios “que não são transparentes” para conseguir a aprovação emergencial de sua vacina contra a Covid-19, a CoronaVac, em fase final de testes no Brasil. “Os critérios chineses para a concessão de autorização de uso emergencial naquele país não são transparentes”, assinala o comunicado da agência.

A CoronaVac, produzida pelo laboratório privado chinês Sinovac em associação com o Instituto Butantan de São Paulo, tem sido alvo de tentativas de desprestígio por parte do presidente Jair Bolsonaro, que a vê como uma ferramenta tanto do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), quanto do regime comunista chinês.

Doria anunciou nesta segunda que o Instituto Butantan mudou de planos e apresentará à Anvisa um pedido de autorização definitivo para o imunizante chinês no Brasil, onde o novo coronavírus já infectou quase 7 milhões de pessoas. A solicitação será entregue no próximo dia 23.

Doria anunciou na semana passada que espera começar a aplicar a vacina em 25 de janeiro no estado, de 46,2 milhões de habitantes. A Anvisa, que enviou no começo do mês um grupo de técnicos para inspecionar a unidade da Sinovac em Pequim, advertiu sobre “a potencial influência de questões relacionadas à geopolítica que podem permear as discussões nacionais” e citou como exemplo o risco de que países “coloquem interesses nacionais em primeiro lugar na garantia de acesso a uma vacina para seus próprios cidadãos”.

O governo brasileiro afirma que tem garantido o acesso a 300 milhões de doses de vacinas, principalmente a desenvolvida pela Universidade de Oxford em aliança com o grupo AstraZeneca e a Fiocruz, e a iniciativa internacional Covax Facility. Negocia, ainda, 70 milhões de doses com a Pfizer.