13/11/2020 - 20:10
Cheguei de manhã em Guarulhos fugindo de um bando de maricas, mas apenas encontrei um Coringa louco, “inconsciente, irresponsável e insano” aterrorizando o povo na banca dos jornais.
Fui bem cedinho na esperança de encontrar o novo corpo expedicionário Brasileiro, feito de soldados sem saliva, já armados de pólvora, preparando a invasão militar dos Estados Unidos, mas apenas encontrei um general Mourão deprimido e triste no meio de um conflito de personalidade, tentando compreender como podia separar as suas pessoas física e política.
Ainda antes do café da manhã tinha esperança em encontrar Pazzuello celebrando a abertura do turismo e o aumento das exportações, mas apenas encontrei um general laranja proclamando cloroquinas e tentando impedir que qualquer vacina Dória salve as vidas no Brasil.
Amanheci na esperança de encontrar Covas, Boulos e Russomanos conversando juntos como melhorar São Paulo, mas encontrei apenas a morna conversa do costume … o Tietê continua cheirando a Cubatão.
Fiquei em Guarulhos do todo o dia e — enquanto nada acontecia — fiquei observando conversas em inglês de senhores e senhoras estrangeiras esperando seus voos para o exterior.
Escutei homens de negócios falando como é ótimo o Brasil continuar fechado ao mundo. Dirigentes de bancos internacionais estavam contentes pelo fato de a indústria brasileira continuar exportando matérias primas baratas sem acrescentar qualquer valor à soja, ao café, ao algodão e ao cacau.
Ouvi especialistas em inovação e tecnologia lamentar o talento perdido de jovens empreendedores que não decolam na Europa ou nos Estados Unidos apenas porque não aprenderam inglês na escola quando eram guris.
Outros disseram que há muitas empresas brasileiras com um incrível potencial exportador – por exemplo na área farmacêutica e médica, que tanto se desenvolveram na pandemia — que, podendo estar entre as melhores do mundo, não olham a palavra “exportar” como uma possibilidade natural de quem atua num mundo globalizado.
Ouvi muita gente neste aeroporto começando a entrar numa normalidade ainda inquieta, mas não ouvi nenhum dos políticos que ocupam com tolices a paciência dos cidadãos; talvez continuem entre a Alvorada e o Planalto, aterrorizando o progresso e aumentando a desordem.
Verde de raiva e amarelo de vergonha espero que a tormenta passe. Afinal este domingo há eleições e pode ser que alguma coisa comece a mudar.