14/10/2020 - 18:39
Opositores do presidente Jair Bolsonaro criticaram nesta quarta-feira (14) a “propaganda” pró-governo feita durante a transmissão do jogo do Brasil contra o Peru pelas eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo do Catar-2022, em uma emissora pública, operada pelo governo.
No intervalo da vitória dos brasileiros por 4 a 2 sobre os peruanos, na noite de terça-feira, em Lima, o comentarista da TV Brasil, falando em nome da direção do canal aberto, mandou um “abraço especial” ao presidente.
No intervalo da disputa classificatória sul-americana, o telespectador recebeu uma série de notícias que destacaram as ações do governo Bolsonaro, incluindo um discurso do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobre sua questionada gestão contra os incêndios florestais no Pantanal.
“Jogo da seleção passando no canal estatal. Narrador mandando abraço pro presidente. No intervalo, notícias do governo. Não, você não está na Coreia do Norte, é o Brasil mesmo”, escreveu no Twitter o deputado federal Kim Kataguiri (DEM).
Em sua coluna no portal de notícias do UOL, o jornalista esportivo Rodrigo Mattos afirmou que a transmissão da partida entre Peru e Brasil foi “um instrumento de propaganda do governo Bolsonaro”.
O craque Neymar, que tem apoiado abertamente o Bolsonaro, fez três gols na partida e se tornou o segundo maior artilheiro da Seleção Brasileira com 64 gols, atrás somente de Pelé (com 77).
A transmissão da partida pela TV Brasil foi anunciada apenas uma hora antes do início.
Originalmente, o jogo seria transmitido apenas em uma plataforma online paga, privando muitos de assistir o time de Tite.
A TV Globo costuma transmitir todos os jogos da seleção, embora nesta ocasião tenha renunciado a adquirir os direitos de transmissão exigidos pela Federação Peruana de Futebol (FPF), por considerá-los exorbitantes.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) intercedeu junto à sua contraparte peruana para que os direitos fossem transferidos gratuitamente à TV Brasil, de forma que a partida pudesse ser assistida por um maior número de pessoas.
Alguns especialistas em mídia consideram essa uma manobra do governo para afetar a Globo, que é muito crítica ao governo Bolsonaro.