Os ministros das relações Exteriores da União Europeia (UE) tiveram uma reunião informal nesta segunda-feira com a líder opositora bielorrussa Svetlana Tikhanovskaya, pouco antes de uma conferência para discutir a adoção de sanções contra Belarus por manipulação eleitoral e repressão.
Belarus é cenário de manifestações sem precedentes contra o presidente Alexander Lukashenko desde as eleições de 9 de agosto.
A UE não reconhece o resultado da eleição, alegando que não foi uma votação livre e justa. Bruxelas busca mecanismos para aprovar sanções contra funcionários do governo de Lukashenko, como a proibição de viagens a países europeus e o congelamento de bens.
Lukashenko, que governa Belarus desde 1994, respondeu aos protestos com uma repressão violenta.
Tikhanovskaya, que enfrentou Lukashenko nas urnas e fugiu para a Lituânia por temer por sua segurança após a eleição, teve um café da manhã com os ministros das Relações Exteriores da UE e com o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.
“Ela apresentou informações sobre os eventos em Belarus”, afirmou Borrell.
“Quero destacar que apoiaremos qualquer diálogo nacional amplo sobre os direitos dos bielorrussos a ter eleições livres e justas”, completou, antes de recordar que o bloco não reconhece como legítimo o recente triunfo eleitoral de Lukashenko.
O ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas, destacou que “é necessário chegar à conclusão de que nada melhorou nas últimas semanas. A violência que Lukashenko usou contra manifestações pacíficas é totalmente inaceitável”.
“Temos que nos perguntar se Lukashenko não deveria ser objeto de sanções da UE”.
A reunião de Tikhanovskaya com os chanceleres da UE, seguida de uma audiência no Parlamento Europeu, é parte de um esforço coordenado para manter a pressão internacional sobre Lukashenko.
Na sexta-feira, a opositora pediu à comunidade internacional uma resposta “nos termos mais enérgicos” sobre os abusos em Belarus, durante uma participação por vídeo no Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, onde foi interrompida repetidamente pelo embaixador bielorrusso.
A UE tem uma lista de quase 40 funcionários bielorrussos que considera responsáveis pela manipulação dos votos ou a repressão dos protestos.
Mas a aplicação de sanções pela UE exige a unanimidade de seus membros. Por este motivo, a aprovação das sanções a Belarus ainda não foi possível.
Diplomatas europeus afirmam que o Chipre bloqueia, com seu veto, a adoção de sanções a Belarus. Para aderir à medida, o governo do Chipre estaria exigindo da UE a adoção de sanções contra a Turquia, abrindo assim outro flanco de alta sensibilidade diplomática.
O chanceler cipriota, Nikos Christodoulides, disse que as reações do bloco europeu e de cada país a violações dos direitos humanos não podem ser adaptadas como um menu. “Deve existir consistência”, afirmou.
Ao mesmo tempo, os diplomatas querem evitar que as pressões empurrem Belarus na direção da Rússia.