08/09/2020 - 20:04
A percepção de muitas celebridades sobre o mundo das artes está mudando. Rafaella Santos, irmã do jogador Neymar é um bom exemplo disso. Motivada por amigas, ela, que dizia não gostar de passeios culturais, fez um tour pelo mundo das artes: visitou nos arredores de Paris o Palácio de Versalhes. Trata-se de um castelo francês maravilhoso, no qual arte e natureza se unem em perfeição.
O local foi residência dos reis da França de 1662 a 1789, e hoje é Patrimônio Mundial da UNESCO. Começou como um modesto alojamento de caça e foi transformado em um dos maiores ícones da França a partir do sonho do rei Luís XIV. Durante seu reinado, Paris estava no limite do tolerável na época, repleta de doenças, criminalidade e desordens. Assim como muitos de brasileiros estão fazendo em tempos de Covid-19, o Rei desejava um local tranquilo nas proximidades de Paris para descansar com a corte e transferir o governo da França. Saiu do Louvre (isso mesmo, o Rei morava no edifício onde hoje temos o museu) para morar no interior, transformá-la o pequeno vilarejo de Versalhes em um ícone mundial para destacar seu poder e absolutismo.
Visitar Versalhes é uma grande experiência. O acesso a partir de Paris é rápido e fácil, por metrô e trem. O edifício reúne centenas de anos de história e arte. Tudo em Versalhes é impressionante. Quem visita fica sem saber para onde olhar com o pé direito alto, a decoração, a mobília, os afrescos, as pinturas e os objetos de arte. O Palácio de Versalhes tem 2.153 janelas, 700 quartos para acomodar a corte, 120 salas e gabinetes governamentais, 1.250 lareiras e 67 escadas, em um jardim com 700 hectares.
Para quem ficou interessado em saber mais sobre esse ícone histórico, seguem outras curiosidades:
1 – O palácio era um pavilhão de caça – Luís XIII, pai do Rei Sol, tinha um pavilhão de caça em Versalhes. Na época, caçar era uma aventura e o local era usado como apoio para as aventuras da realeza. As primeiras modificações do Palácio só começaram muito depois, sob o comando do Rei Luís XIV.
2 – O canal era um pântano fedorento – O terreno no qual o rei queria construir seu impressionante palácio não era adequado para a construção. Tinha um pequeno prédio que funcionava como pavilhão de caça e sua construção foi feita em etapas, como ‘puxadinhos’ que se tornaram os mais chiques da nobreza mundial. Todo o terreno teve que passar por terraplenagem e nivelamento para eliminar os pântanos.
3 – Água era um problema – Versalhes é um dos poucos castelos do mundo que não fica perto de um rio. Imaginem o stress que foi para conseguir água. Diversas lagoas artificiais tiveram que ser construídas, assim como aquedutos aéreos e subterrâneos para conseguir levar água para o palácio. O racionamento de água era constante no castelo e as fintes só eram ativadas quando o Rei passeava pelos jardins. A questão ficou tão caótica que, em um dado momento, tiveram que bombear a água do rio Sena.
3 – Versalhes reunia arte, luxo e sofisticação – O castelo foi palco de festas memoráveis e acordos políticos que mudaram o rumo da história, como o Tratado de Versalhes que pôs fim à Primeira Guerra Mundial. Versalhes foi também o castelo mais rico e mais bem equipado da história. A Mona Lisa, o quadro de Leonardo da Vinci e que é o mais famoso do mundo, é um bom exemplo de sua importância. A pintura ficava ali, exposta em uma das salas, juntamente com quadros de Ticiano, Rubens e Van Dyck. A Mona Lisa fazia parte da coleção real durante o reinado de Luís XIV e foi transferida para o Louvre apenas em 1797.
4 – A Agenda real era acompanhada por todos – A Corte acompanhava cada passo do Rei Luís XIV. Como um episódio do Big Brother, sabiam seus horários e seus gostos. Muitos dos súditos se preparavam horas antes do Rei se levantar para vê-lo despertar, assim como ser visto por ele logo pela manhã, em uma agenda quase maluca. Cada passo do Rei estava repleto de rituais e cerimonias, que deixavam todos fascinados. Se o Palãcio tinha 700 aposentos, imaginem a disputa que era para estar próximo ao Rei.
5 – Vidros para o Rei brilhar – O Palácio foi construído para impressionar não só a corte francesa, mas a Europa como um todo. Uma das salas mais impressionantes é a Galerie des Glaces, com mais de 350 espelhos, mármores preciosos e revestimentos dourados. Esse ambiente representava a demonstração máxima da riqueza do rei. A logística para criar os espelhos e instalá-los movimentou a Europa durante muitos anos. Outros materiais também deram trabalho: a ardósia do telhado veio de Angers, as pedras brancas vieram de L’Oise e os mármores vieram da região dos Pirineus.
6 – Equipes especializadas – O Rei contratou os melhores profissionais para construir o palácio. André Le Nôtre ficou responsável pelos jardins, Louis Le Vau pela arquitetura e Charles Le Brun pela decoração. Esses especialistas coordenaram um verdadeiro exército de trabalhadores, que chegou a reunir simultaneamente cerca de 36 mil funcionários. Atualmente, cerca de 800 pessoas trabalham na manutenção de Versalhes.
7 – Muitos reis trabalharam na construção – A construção foi tão complexa, que vários reis morreram antes que Versalhes fosse concluído. Luís XIV foi o grande idealizador, mas muitos reinados foram necessários para transformar o pavilhão de caça em um dos maiores patrimônios da humanidade. Luís XV ordenou que as fachadas do pátio fossem remodeladas para um estilo mais clássico. O neto, o rei Luis XVI refez o jardim para um modelo inglês que era do agrado da época. Modernizou a biblioteca e os aposentos do rei e da rainha, garantindo mais privacidade. A conclusão de Versalhes só ocorreu no século XX. Em 1830, Luís Filipe, conhecido como o “Rei Cidadão”, determinou que o palácio seria dedicado a “todas as glórias da França”. Em 1873, foi transformado definitivamente em um museu.
8 – O palácio promoveu avanços – Versalhes consumiu anos de estudos para resolver grades desafios e limitações da época. Foi um dos projetos mais inovadores e contemporâneos, demandando, portanto, esforços sobre-humanos de muitos de especialistas para encontrar soluções técnico-científicas para os problemas que surgiram durante a construção como, por exemplo, a questão da falta de água.
9 – Jardim de bike – Andar de bicicleta no jardim de Versalhes é uma maneira espetacular de apreciá-lo. Há um tour muito bacana que permite conhecer os quase 2.000 acres de verde e que foram projetados um a um, planta por planta. As excursões exploram cerca de 10 milhas e permitem fazer um piquenique como os grandes reis faziam.
Essa coluna é dedicada à minha amiga Vanessa Stettinger, que me apresentou há muitos anos os segredos de Paris. Adoro boas histórias! Você pode me encontrar no Instagram Keka Consiglio ou no Twitter.