O cantor e dançarino Rodrigo Teaser é considerado o principal cover de Michael Jackson e seus shows são marcados com coreografias, assim como os arranjos e figurinos do rei do pop. Além disso, ele conta no show com o  aval do coreógrafo Lavelle Smith, que coreografou e acompanhou Michael por mais de 20 anos.

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Em paralelo ao projeto “Tributo ao Rei do POP”, Rodrigo foca também no seu trabalho autoral, ainda sem título. Recentemente lançou a música “Não Pode Acabar”, seguida de clipe, em todas as principais plataformas digitais. De autoria própria, a música traz o pop envolvente e visita ao R&B americano, tendência musical de grandes artistas internacionais e característica marcante do cantor.

Rodrigo é um dos responsáveis por manter Michael Jackson vivo nos corações dos fãs, além de contar com shows mundiais, se apresentou por duas vezes em uma única edição do Rock In Rio, foi o único brasileiro a participar do Festival DNY Mesta Kladna da República Tcheca em 2019 e foi um dos jurados do programa Canta Comigo da TV Record.

Sua família vem de uma linha artística?
Não! Mas um tio meu foi DJ e eu cresci vendo de perto isso.

Quem te apresentou a Michael Jackson?
Ninguém, minha mãe diz que fui eu quem apresentei o Michael à minha família. Eu tinha 5 anos e ela conta que de repente eu já conhecia ele. De tanto ouvir nas rádios, eu acho.

Você lembra o que te inspirou a começar a imitá-lo?
Na verdade, eu era uma criança muito tímida, não socializava muito bem. Mas em casa eu me trancava no quarto e dançava Michael Jackson o dia todo. Vendo isso ela achou que me incentivando seria uma forma de vencer a timidez. Foi assim que eu comecei.

Você almejava conquistar o sucesso que tem hoje?

Na adolescência eu via isso quase como um hobby, embora eu amasse a arte e achava que um dia eu teria que fazer uma escolha de carreira diferente. Que viver de arte fosse algo muito distante pra mim.

Qual é a maior barreira para artistas que, como você, interpretam a obra de outra pessoa? Você sente um preconceito?

Existe muito preconceito, costumam achar que se trata de uma arte menor. A barreira é justamente provar que se trata de algo profissional em todos os aspectos. Que nossa produção é grande e etc. Hoje a gente esgota shows em grandes casas e teatros, mas a gente precisou “abrir” esse mercado, precisamos mostrar que havia lugar e demanda para esse tipo de show.

Sobre as polêmicas que envolvem o Michael, acha que tem elas têm fundamento? Como você lida com os haters que tentam denegrir essa imagem?

Eu penso que o Michael Jackson chegou muito longe, por diversos motivos creio que ele se tornou um alvo. Muitos dos boatos sempre foram absurdos e ridículos. No entanto, as acusações de pedofilia marcaram o nome do cantor. Sobre isso eu penso que é um assunto sério. Vítimas devem ser ouvidas, devem ter suas vozes e acusações ouvidas, mas ainda assim devem ser investigados, para mim não se trata apenas de não acreditar nas acusações, mas também de não ver nenhuma possibilidade de ser real. Ele foi investigado por 6 núcleos diferentes do FBI por 10 anos e nada foi encontrado. Assim como seus acusadores foram investigados e nenhum indício de verdade foi encontrado.

Hoje você tem acesso a pessoas ligadas diretamente ao Michael, como conquistou isso? Um dia imaginou que estaria trabalhando com eles? Já teve algum problema com algum deles, quanto a liberação de uma música ou direito?

Basicamente conquistei porque acharam que meu trabalho valia o respeito deles. Eu nunca imaginei trabalhar com eles e cada história que eles dividem comigo pra mim tem um valor enorme.
Nunca tive problemas, mas eu tenho limites dentro do que posso ou não fazer. Desde o início sempre busquei respeitar muito esses limites e de certa forma creio que isso também fez diferença em conquistar esse respeito.

Depois de muito negado, você conseguiu ir para o Estados Unidos, onde teve a oportunidade de visitar Neverland e teve acesso a lugares que ninguém mas teve ou que tenha sido mostrado. Como foi pra você estar no mesmo lugar onde seu ídolo morou? 

Para mim foi muito especial estar lá, sempre sonhei com isso e quando ele se foi, eu achei que seria impossível entrar lá. Na minha mente a gente só entra na casa de alguém sendo convidado. Tudo nessa visita me surpreendeu, conhecer os locais que ele viveu de verdade, onde dormia, comia, trabalhava e se divertia.
O que mais me surpreendeu foi como ele mesmo tendo em sua casa um parque, linha de trem, cinema, zoológico, 30 fliperamas. Ele tinha coisas “simples” como lavar com as mãos as roupas de seu chimpanzé ou seus filhos quando bebês.

Você esgota ingressos por onde passa, na sua opinião o que mantem vivo nas pessoas, essa vontade de ver um espetáculo como o seu, de um artista que já se foi?

Acho que é porque respeitamos muito os aspectos criativos do show dele. As pessoas querem sair de suas casas e serem surpreendidas, querem saber que as pessoas que estão no palco estão lá 100% pra elas.
A arte de Michael conecta as pessoas de forma muito especial e é isso que as pessoas buscam de certa forma quando fazemos o show. Ele acreditava que o show era um momento de escape para o público, acho que isso se mantém mesmo que num show tributo.

Qual a sensação que tem após cada termino de show?

É uma sensação boa, sensação de que estou podendo viver do que amo. Cada show é uma oportunidade de se manter vivo, se manter de pé. Saber que milhares de pessoas se encontraram, tiveram um bom momento por causa da gente.

Atualmente a indústria pop vem se reinventado cada dia mais, acha que o Michael seria mais uma vez, um dos cabeças para tais mudanças? Pensando que ele foi um dos grandes responsáveis por mudar a indústria principalmente visual?

Não dá pra saber exatamente onde ele estaria, fato que ele sempre estava um passo à frente. É fato que os grandes nomes da atualidade reconhecem a influência do Michael, de Justin Timberlake, Beyoncé, Lady Gaga (que gastou mais de 5 milhões em itens pessoais dele em um leilão) Bruno Mars e etc. No entanto, hoje a comunicação direta em redes sociais e a urgência de novidades do ramo me fazem pensar que o Michael teria que se adaptar ao nosso momento. Coisa que perceptivelmente artistas como Madonna, Mariah Carey, Elton John não fizeram tão bem. Então fica difícil imaginar onde ele estaria e o que estaria fazendo. Mas creio que ele continuaria criando porque isso é o que ele sabia fazer desde criança.

Você tem uma carreira autoral, como consegue conciliar os dois projetos?
Por enquanto o tributo ocupa muito mais tempo, minha vontade é poder fazer mais pelo autoral…como o show tem um histórico e um público fiel minha ideia é focar mais no autoral.

Em suas músicas, você traz a influencia das musicas de Michael?

Sim, não é uma coisa planejada ou intencional, deixo rolar…inicialmente eu tinha medo disso soar ruim, de parecer que eu não tenho “personalidade” mas hoje eu não penso assim.

Como consegue dividir a pessoa Rodrigo, do interprete de Michael e o cantor autoral?

Eu acho que é fácil até são todos o mesmo, eu autoral sou a expressão do que eu sou ou quero. Quando interpreto o MJ sou um artista mas também sou o fã, sou a pessoa que se diverte por estar usando a roupa igual a do ídolo num palco.

Se Michael estivesse aqui hoje, o que falaria para ele?

Acho que eu agradeceria a ele. Costumo dizer que não sou um artista que descobriu que podia imitar o Michael, eu sou um fã que foi imitar o ídolo e descobriu que podia ser artista. Ele me deu um rumo, me apresentou a arte e graças a isso eu encontrei um lugar no mundo. Eu adoraria poder agradecer a ele…não só pela arte que ele nos deixou mas por ter me inspirado.