Desde 2013, as 40 escolas mantidas pela Fundação Bradesco, braço de filantropia do banco, estão sendo reformadas e ampliadas. O investimento de R$ 220 milhões é calculado em tempo de sala de aula. As novas estruturas irão acrescentar uma hora ao tempo dedicado aos estudos. Parece pouco, mas essa adição será suficiente para aumentar o conteúdo das disciplinas e exigir mais dedicação dos alunos. O Bradesco é um banco obcecado com educação de qualidade. Desde a sua fundação, o banqueiro Amador Aguiar imprimiu essa marca na instituição financeira ao dizer que era preciso criar acesso à educação gratuita e de qualidade para formar crianças, jovens e adultos. A Fundação Bradesco, criada em 1956, trabalha para ser a diferença na vida de milhares de pessoas – mais de 1,64 milhão de estudantes, da educação infantil à formação técnica, passaram por cursos integrais ou eventuais. “Nosso papel é mostrar para os alunos que a escola é o local onde eles podem sonhar e fazer a diferença para o País do futuro”, diz a diretora Denise Aguiar, neta do fundador.

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LIVRO DE OURO
Em quase 60 anos, 1,64 milhão de pessoas passaram pelas escolas do Bradesco

Quando o Bradesco começou a investir em educação, as melhores escolas públicas eram ocupadas pelos filhos de famílias ricas. A massificação do ensino gratuito só aconteceu, de fato, em meados dos anos 1970, mas a quantidade derrubou a qualidade. Para a Fundação Bradesco, a excelência no ensino é inegociável, por isso ela tem o controle de todo o projeto. Ao contrário de fundações que fazem a captação de recursos e entregam o desenvolvimento do programa para um terceiro, a Fundação compra os imóveis, contrata os professores, paga todos os funcionários e cuida da gestão, administração e conteúdo das escolas. O modelo da Fundação Bradesco passou a ser estudado e copiado. Por influência de seu bem-sucedido plano de atuação, a educação é, hoje, o principal investimento social privado do País. Estudo realizado pela ONG Comunitas, criada pela educadora Ruth Cardoso, mostra que 40% dos recursos financeiros estavam direcionados a projetos do setor. “É um orgulho passar nossa experiência e conhecimento para outras empresas”, diz Denise.

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SALAS MODERNIZADAS:
Há dois anos, as escolas mantidas pelo Bradesco estão sendo reformadas e ampliadas

O sonho de Amador Aguiar foi cumprido: ele queria ter uma escola em cada Estado. Mas o maior desafio do Bradesco nunca foi a ampliação do projeto. A permanência do aluno na escola, cumprindo as aulas propostas e alcançando a formatura continua sendo o grande obstáculo. Denise explica que a percepção para a evasão é a falta de crença do cidadão de que é possível ter escola gratuita de qualidade. A Fundação Bradesco banca material, uniforme e estrutura. Mesmo assim, há evasão pela desconfiança sobre um projeto de uma fundação privada. A maneira de evitar o abandono é incentivando a reclamação. “Se o aluno não estiver gostando, ele tem de falar e pedir solução”, diz Denise. “Só assim vamos entender o que temos de mudar para ele não desistir.”

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Um dos dilemas atuais é o uso de tecnologia. A Fundação Bradesco informatizou toda a gestão da educação. Isso possibilita controlar a frequência de alunos em sala, quais aulas os professores ensinaram no dia e como está o desempenho da classe. Mas, manter a mesma qualidade do mundo analógico com o digital tem sido desafiador. Há lousas digitais disponíveis, mas não são todos professores que sabem utilizá-la. Os recursos tecnológicos são dominados pelos alunos, mas os professores resistem em mergulhar nessa nova Era. “Os nativos digitais são os alunos. Há uma dificuldade dos professores entenderem o funcionamento dessas novas tecnologias”, diz Denise. Para unir esses dois mundos, a Fundação tem incentivado a apresentação de trabalhos em ferramentas digitais. O ensino a distância é um complemento das aulas presenciais. A Fundação Bradesco acredita que o mais importante investimento ainda é em conhecimento.