Pablo Picasso (1881 – 1973) é um dos artistas que mais revolucionou a arte no século XX e até hoje influencia o mundo das artes. Contribuiu significativamente para uma série de movimentos artísticos como cubismo, surrealismo, neoclassicismo e expressionismo, com suas mais de 20.000 pinturas, gravuras, desenhos, esculturas, cerâmica, peças de teatro e figurinos. Fez muito sucesso por muitas décadas e pintou até horas antes de falecer aos 91 anos.

Sua vida sempre foi agitada, fascinante e tensa. Seu pai, que era professor de desenho e conservador de museu, foi quem o introduziu no universo da pintura. Aos treze anos, em 1895, começou a se preparar para a adversidade. Esteve diante do maior dilema de sua vida: a morte. Na ocasião, fez um pacto terrível com Deus, prometendo sacrificar a pintura, sua maior paixão, caso Conchita se recuperasse. Sua irmã de sete anos acabou falecendo de difteria, após uma jornada de sofrimento. Suas promessas de nada adiantaram. Sua culpa era enorme, mas acabou achando que a morte de sua irmãzinha o havia libertado para ser um pintor famoso e seguir o chamado dos poderes que ele recebera, quaisquer que fossem as consequências.

Nasceu em Málaga (Espanha) e chegou em Paris apenas alguns dias antes de completar dezenove anos. Não falava francês e não tinha onde ficar. No começo, não se importava com a falta de dinheiro e passava a maior parte do tempo nas ruas, revendo a cama com um colega e procurando absorver o que acontecia na pintura da época. Quando conseguia algum trocado, buscava diversão em prostíbulos. Viveu momentos terríveis de extrema pobreza, desespero e frio, a ponto de queimar desenhos para conseguir se proteger das baixas temperaturas.

Picasso: energia pura na arte e na vida
Les Demoiselles d’Avignon (Crédito:Reprodução)

Paris desencadeou uma onda de experimentações em Picasso e uma produção artística de mais de uma pintura por dia. Sua vida sempre foi repleta de mitos, histórias dramáticas e pitadas de casos fantásticos. Ele mesmo tratou de romancear vários momentos de sua trajetória, recontando episódios com edições e menos verdades. Tentava criar um mito para tirar o foco de seus problemas com mulheres, filhos, amigos, familiares e, também, das brigas com outros pintores. Em um dado momento, chegou a ter quatro mulheres simultaneamente.

Seu trabalho evoluiu continuamente com as passar dos anos, estando sempre em destaque. Teve várias influências e produções artísticas inspiradas em diferentes movimentos. Criou muitas séries e obras memoráveis. Produzindo em ritmo acelerado, criou milhares de obras e posicionou seu nome no topo da lista de artistas.

Na Fase Azul (1091- 1905), pintou a solidão, a morte e o abandono. Sofreu nesse período com o suicídio de um amigo. O MASP tem uma das últimas telas pintadas nessa época, “Retrato de Suzanne Bloch. Quando se apaixonou por Fernande Olivier, suas pinturas mudaram, inaugurando a Fase Rosa (1905 – 1906), muito importante na trajetória do artista por ser o início de uma etapa de intuições e experimentações.  Registrou tons mais alegres e a presença de acrobatas, dançarinos e arlequins como personagens do mundo do circo. Rapaz com a Pipa foi pintado nessa época.

Picasso: energia pura na arte e na vida
Retrato de Suzanne Bloch (Crédito:Pinterest)

Em 1906, sua obra entra em uma etapa pré-cubismo marcada pela influência das artes ibérica, grega e africana. O MASP também tem em seu acervo um belo quadro cubista de Picasso. Trata-se de “Busto de Homem” (1909).

O célebre retrato de Gertrude Stein mostra o rosto em forma de máscara. O obra  de 1906 faz parte do acervo do The MET, de Nova York. Com ousadia, Picasso colocou uma cabeça cubista em um corpo do período rosa, criando uma imagem icônica de grande singularidade. Depois, partiu para uma série de colagens e depois para pinturas de mães com filhos, quando sua mulher Olga Koklova anuncia que estava grávida.

Seu método criativo foi evoluindo com o passar dos anos, estando sempre à frente do seu tempo. Por reinventar a pintura da época e retratar a realidade de uma maneira completamente diferente, Les Demoiselles d’Avignon (1907), tornou-se uma das obras de arte mais conhecidas do século XX.  É considerada a base para o cubismo e para a pintura abstrata. Consumiu nove meses para ser produzida e chama a atenção com corpos e fundo como formas geométricas. O primeiro título desse quadro era Bordel Filosófico, mas Picasso decidiu renomear.

A obra tem como inspiração um bordel de Barcelona. Mostra cinco mulheres nuas, desenhadas com linhas irregulares e quebradas. A arte africana, que fascinava Picasso na época, está fortemente presente por meio de máscaras na tela, que tem composição geométrica e uso de azul em algumas partes. Em primeiro plano, há um sensual prato de frutas e a pintura chama a atenção também pelo olhar das personagens, que praticamente convidam o espectador a se deliciar com seus corpos. Até mesmo a prostituta de costas faz uma ginástica corporal para olhar para o observador.

Difícil eleger poucas pinturas diante de um universo de dezenas de milhares de obras. Talvez valha citar três exemplos bem diferentes para despertar a atenção: “A Mulher que Chora”, a enigmática “Mulher no Espelho” e “Ma Jolie”. Entretanto, uma viagem pelo site do MoMA possibilita ver 320 exposições gratuitas de Picasso nesse museu.

Picasso: energia pura na arte e na vida
A Mulher que Chora (Crédito:Pinterest)

Alguém ainda duvida que, mais de cem anos depois, Picasso ainda é moderno, diferente e fascinante?

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