20/07/2020 - 8:34
Um medicamento chamado SNG001 reduziria em 79% o risco de se desenvolver uma forma grave da doença Covid-19 – apontam resultados preliminares divulgados nesta segunda-feira (20) pelo laboratório britânico que o produziu, Synairgen.
Este tratamento inalado usa interferon beta, uma proteína natural que está envolvida na resposta do organismo aos vírus.
O estudo realizado pela Universidade de Southampton em 101 pacientes concluiu que os pacientes tratados com este medicamento têm 79% menos chances do que aqueles que receberam placebo de desenvolver formas graves da doença, ou seja que precisariam de respirador artificial, ou fatal.
Os pacientes tratados com SNG001 têm duas vezes mais chances de se recuperar do que aqueles que receberam um placebo. Três dos pacientes (6%) tratados com placebo morreram, enquanto não houve mortes entre aqueles que foram tratados com SNG001.
O estudo foi realizado em uma amostra relativamente pequena de pacientes e ainda não teve revisão por pares, mas poderia revolucionar a maneira como a COVID-19 é tratada.
Segundo o diretor-geral da Synairgen, Richard Marsden, pode representar um “grande passo adiante”.
“Os resultados confirmam nossa crença de que o interferon beta (…) tem um enorme potencial como tratamento inalatório para restaurar a resposta imune dos pulmões, melhorando a proteção, acelerando a recuperação e combatendo o impacto do vírus SARS-CoV-2”, declarou o professor Tom Wilkinson, professor de medicina respiratória da Universidade de Southampton, que liderou o estudo.
O professor Stephen Holgate, cofundador da Synairgen, ressaltou que esse tratamento “restaura a capacidade dos pulmões de neutralizar o vírus, ou qualquer mutação do vírus, ou coinfecção por outro vírus respiratório, como influenza, ou VSR (um vírus respiratório comum), como pode acontecer no inverno, se a COVID-19 voltar”.
Até agora, apenas um medicamento, a dexametasona, provou ser eficaz para salvar pacientes da COVID-19. Outro tratamento, o antiviral remdesivir, reduz o tempo de internação, mas não a mortalidade.