O arcebispo de Canterbury, Justin Welby, líder espiritual dos anglicanos, pediu a seus fiéis nesta quinta-feira (9) que reconheçam todos os aspectos do passado da Igreja da Inglaterra, inclusive sua participação na escravidão.

Na inauguração de seu novo número dois, o arcebispo disse que os fiéis devem enfrentar a preocupante “bagagem” histórica da Igreja, se quiserem construir um futuro melhor.

Segundo Welby, o passado da Igreja inclui “santos e traficantes de escravos, pessoas orgulhosas e humildes servos do povo”.

“São parte de nós, parte da nossa herança, que deve ser reformada, ou pela qual devemos nos arrepender”, acrescentou.

Criada em 1534 pelo rei Henrique VIII após sua ruptura com o catolicismo romano, a Igreja da Inglaterra já pediu perdão no mês passado por seus vínculos com a escravidão, “uma fonte de vergonha” para a instituição.

O mea-culpa ocorreu quando o Reino Unido foi abalado por inúmeras manifestações do movimento antirracista “Black Lives Matter”, deflagradas pela morte de George Floyd, um americano negro asfixiado por um policial branco.

Welby deu essas declarações durante uma cerimônia virtual organizada em homenagem a Stephen Cottrell.

Ex-bispo de Chelmsford, no sul da Inglaterra, Cottrell, de 61 anos, foi declarado nesta quinta arcebispo de York, número dois da Igreja Anglicana.

Desse modo, substitui JohniSentamu, o primeiro arcebispo negro da instituição, conhecido por sua franqueza e longa trajetória como ativista contra o racismo.

Devido ao surto do coronavírus, as igrejas do Reino Unido foram fechadas no final de março, e sua recente reabertura está acompanhada de rigorosas restrições. Muitas missas, ou cerimônias, agora são celebradas pela Internet.