O contrato futuro mais líquido de ouro fechou em alta nesta terça-feira, 12, diante do aumento nas tensões entre Estados Unidos e China, que pode reiniciar uma guerra comercial e congelar os avanços obtidos com a assinatura do acordo “fase 1” entre as duas maiores economias do mundo. A queda nos preços do dia anterior despertaram interesse de compra hoje, de acordo com analistas, que também apontam incertezas sobre a retomada de negócios e uma possível nova onda de covid-19.
Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro para julho encerrou em alta de 0,52%, a US$ 1.706,8 a onça-troy.
Novas incertezas estão emergindo de dois lados diferentes: o temor de que a pandemia de coronavírus possa surgir novamente na Ásia e, renovadas tensões no conflito comercial entre os EUA e a China. Neste cenário, há um movimento de refúgio no ouro, comenta Carsten Fritsch, economista do Commerzbank.
Em relatório sobre o metal preciso hoje, o economista alemão diz que a mídia estatal chinesa informou que alguns dos conselheiros do governo chinês estão falando sobre uma retirada parcial do acordo da “fase 1” com os EUA, para que melhores condições para a China possam ser obtidas em negociações subsequentes. “Claramente, o presidente dos EUA, Donald Trump, está em uma posição de negociação mais fraca devido à atual crise econômica e às próximas eleições”, avalia.
Recentemente, Trump ameaçou impor novas tarifas punitivas contra a China, devido à atuação de Pequim na pandemia de coronavírus. “Se o conflito comercial surgir novamente, presumivelmente o ouro seria lucrativo, como no ano passado”, avalia Carsten Fritch.
Merece destaque também hoje o depoimento, no Senado americano, do diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, Anthony Fauci. O médico alertou para “sofrimento desnecessário e mortes” caso haja uma retomada precoce da economia local, e que a vacina contra a covid-19 ainda está na “fase 1”.
Também há relatos de que o Senado americano planeja adotar uma legislação que imporia sanções a autoridades chinesas por violações de direitos humanos contra minorias muçulmanas, em meio a um sentimento anti-China crescente no Parlamento dos EUA.