O negociador europeu para o Brexit, Michel Barnier, exortou nesta segunda-feira (11) o Reino Unido a fazer “progressos tangíveis” na terceira rodada de negociações sobre o futuro relacionamento comercial entre as duas partes.
“Precisamos de progressos tangíveis em todas as áreas, incluindo padrões de concorrência abertos e justos (…) Deve haver um equilíbrio adequado de direitos e obrigações”, tuitou a autoridade europeia.
A nova rodada de negociações entre as equipes de Barnier e a de seu colega britânico, David Frost, está sendo conduzida por videoconferência devido à pandemia de coronavírus e durará a semana toda.
As últimas discussões no final de abril terminaram com uma troca de críticas, levantando a incerteza se os ex-parceiros conseguirão chegar a um acordo até o final do ano, conforme planejado.
“Não espero muitos resultados”, disse o chefe do comitê de Comércio da Eurocâmara, Bernd Lange, para quem condições de igualdade, governança, pesca e cooperação em segurança estão “no ar”.
Os europeus exigem um acordo abrangente e ambicioso com o Reino Unido, que, por sua vez, deseja um acordo de livre comércio clássico, como o fechado entre a UE e o Canadá, com pequenos acordos paralelos.
No entanto, “a oferta da UE sobre o comércio de mercadorias está muito abaixo” de seus acordos anteriores, o que “reduz consideravelmente seu valor”, segundo um porta-voz britânico.
A UE responde que só pode se comprometer com um acordo ambicioso se Londres oferecer garantias de concorrência justa em questões tributárias, trabalhistas e ambientais. Os britânicos se recusam a falar sobre isso.
Sobre a questão delicada do acesso dos navios europeus às águas britânicas, o Reino Unido ainda não apresentou um texto jurídico, apesar de se comprometer a chegar a um acordo sobre o assunto até julho.
O tempo é curto. Depois de se separarem em janeiro, Londres e Bruxelas se deram 11 meses para desatar décadas de laços econômicos, com um estágio fundamental em junho, quando devem decidir se estenderão as discussões.
O governo britânico rejeita essa ideia, pois, segundo o porta-voz, uma extensão “apenas prolongaria (…) a incerteza das empresas” e implicaria “novos pagamentos ao orçamento da UE”.
Na prática, o Reino Unido não faz parte do bloco, mas continua a cumprir suas regras e está inserido no mercado único, bem como na união aduaneira, durante um período de transição até 31 de dezembro.