Candidato à reeleição em Anápolis, cidade a 60 quilômetros de Goiânia, o prefeito Pedro Sahium (PSB) corre o risco de durar pouco no cargo, caso vença as eleições contra o deputado federal Rubens Otoni (PT-GO). Sahium assumiu em janeiro deste ano porque o prefeito Ernani de Paula (PPS-GO), de quem era vice, foi cassado por corrupção e desvio de dinheiro público. Sahium, no entanto, já está na mira do Tribunal de Contas do Estado de Goiás por causa de inúmeras irregularidades cometidas em apenas dez meses no posto. Um dos problemas da administração de Sahium é o suposto uso irregular de recursos federais do Fundef. Auditores do TCM estão atrás de uma diferença de R$ 3,1 milhões. A prefeitura alega ter gastado R$ 12,9 milhões em educação, mas só comprova documentalmente R$ 9,7 milhões. O tribunal destaca que, ao longo deste ano, não recebeu outro balancete quadrimestral sobre os gastos feitos com o dinheiro para o setor repassado pelo governo Federal.

“Já tentei abrir um processo de cassação em abril, mas uma manobra na calada da noite fez com que mais de dez vereadores mudassem de opinião”, afirma o vereador Dilmar Ferreira (PSC). Ele sabe do que está falando. Foi Dilmar quem presidiu a comissão especial que cassou o mandato de Ernani de Paula. Segundo Dilmar, a lista de irregularidades que Sahium está cometendo é “muito parecida” com a que custou o mandato de seu antecessor. Mas o problema do prefeito não é só com o MEC. O TCM está de olho na contratação sem licitação de uma empresa de informática; na compra de carros usados, o que é ilegal; e numa estranha aquisição: um carro com duas notas fiscais, uma de cada valor. “A empresa que prestava serviços de informática há muitos anos cobrava R$ 25 mil por mês. Sahium contratou sem licitação, por seis meses, uma tal de Datawise por R$ 490 mil. A empresa não existe no endereço que consta das notas fiscais”, acusa Dilmar, mostrando documentos.