04/04/2020 - 8:30
A convocação feita pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, para que cada brasileiro faça a própria máscara trouxe à tona muitas dúvidas sobre esse equipamento, que agora passa a ser fabricado em casa. O jornal O Estado de S. Paulo conversou com a médica infectologista Raquel Stucchi, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, que explicou as diferenças e as indicações de uso dos vários tipos de máscaras contra o coronavírus.
Apesar de os estudos sobre a eficácia da máscara caseira serem controversos e o índice de proteção, inferior ao obtido com o uso de uma máscara cirúrgica, a especialista frisa que a máscara caseira é melhor do que não usar nada. “O uso correto da máscara caseira pode proteger em até 70% da carga de vírus que uma pessoa poderia pegar se não estivesse usando nada.” No entanto, a infectologista ressalta que a máscara é uma proteção adicional e que, mais importante do que o seu uso, é seguir as regras de distanciamento social e da lavagem constante das mãos.
Quais são os tipos de máscaras existentes hoje?
Há três grupos de máscaras: a N95 (máscara de proteção respiratória que tem formato de bico de pato), as cirúrgicas e as caseiras. A máscara N95 e a cirúrgica são de uso hospitalar, mas eventualmente podem ser indicadas para algumas pessoas comuns também. A máscara N95 é mais fechada. Isso impede a passagem das gotículas e das partículas suspensas no ar, quando se tosse ou espirra. Elas são usadas por profissionais da saúde. Já na máscara cirúrgica, a trama do tecido não é tão fechada. Há alguma porosidade pequena, mas ela impede a passagem do vírus por meio de gotículas. É destinada a profissionais da saúde e também a pacientes com problemas respiratórios que tenham confirmação de diagnóstico de covid-19. E, finalmente, as máscaras caseiras, agora muito procuradas.
De onde surgiu a ideia de indicar máscaras caseiras?
O primeiro ponto é que não existe fabricação suficiente de máscaras cirúrgicas para todos usarem. O segundo ponto é que o uso da máscara caseira diminui o risco de uma pessoa assintomática transmitir o vírus e de outra pessoa contraí-lo num ambiente fechado. Embora os estudos sobre a eficácia da máscara caseira sejam controversos, o seu uso correto pode proteger em até 70% da carga de vírus que uma pessoa poderia pegar se não tivesse usando nada.
Como a máscara caseira deve ser feita?
Preferencialmente, o material usado deve ser o tricoline, que é um tipo de tecido de algodão cuja malha é mais fechada. Outro ponto fundamental é que deve ter duas camadas do tecido para impedir que o vírus vença essa barreira.
A máscara pode ser feita de TNT (Tecido não Tecido)?
Sim, desde que a gramatura seja maior do que 40. Também devem usadas duas camadas de TNT. Mas, no caso, o TNT não é lavável. Se essa máscara for lavada, as fibras impedem a respiração e ela deve ser descartada.
Qual deve ser o tamanho da máscara?
Ela deve cobrir até a metade do nariz e se estender até abaixo do queixo, aderindo ao contorno do rosto.
Quais os cuidados ao usar a máscara caseira?
A lavagem das mãos continua obrigatória e não se deve tocar a máscara com a mão. Na hora de retirá-la, deve-se puxar o laço que prende à cabeça ou com os dedos tirar o elástico atrás da orelha. No caso da máscara de pano, quando retirada deve-se levar para lavar ou colocar num envelope de papel, caso a lavagem não seja imediata. Não se deve deixar a máscara usada, suja ou contaminada exposta.
Quando se deve trocar?
Quando ela estiver suja ou úmida.
Como fazer a higiene da máscara de tecido?
Lavar com água e sabão.
E quem já tem máscara cirúrgica em casa, como deve proceder no uso?
Ela é descartável e não pode ser reutilizada. Na hora de retirar, pegar pelo elástico ou pela fitinha usada na fixação, nunca pela parte frontal.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.