02/04/2020 - 17:04
Considerado um dos grandes conhecedores do Carnaval carioca e torcedor fanático do Fluminense, Argeu Affonso morreu aos 88 anos nesta quinta-feira (2). O jornalista sofreu um acidente e foi levado ao hospital Silvestre na cidade do Rio de Janeiro, mas não resistiu.
Affonso trabalhou no Jornal O Globo e era um dos criadores e presidente de honra do Prêmio Estandarte de Ouro, um reconhecimento aos melhores do Carnaval do Rio de Janeiro. Argeu também foi dirigente do tricolor carioca e era um dos principais beneméritos do clube.
Nas redes sociais, amigos e colegas que trabalharam com “Mestre Argeu”, como era carinhosamente chamado, prestaram homenagens ao jornalista.
“Ele era o nosso Google, a nossa Wikipedia em um tempo em que nenhum dos dois existia. Sabia tudo, dominava a língua portuguesa como poucos! Eu não liberava um texto sem o Argeu passar os olhos”, afirmou a colunista Luciana Fróes.
“Argeu foi um grande amigo tanto no trabalho como na minha vida. Sempre, com sábias e bem colocadas, palavras de carinho. Conheci ele quando fui para a redação em 1983, e me ajudou muito a entender a dinâmica do trabalho. Depois que saiu da empresa, ficou a amizade. Ele era muito só e, sempre que podia, estávamos juntos. Quando almoçava no jornal (ele gostava), ele aproveitava para visitar os amigos e opinava em matérias deles e dos colunistas”, disse a assistente-executiva do O Globo, Isa da Mata.
O Fluminense também emitiu uma nota em homenagem ao jornalista.
Confira a nota na íntegra:
O Fluminense Football Club começou o dia 2 de abril de maneira muito triste. O grande benemérito Argeu Affonso nos deixou. Sócio do clube há 70 anos, com amplos serviços prestados para a instituição, era um companheiro leal, inteligente, carismático e dono de um olhar sempre muito atento e responsável.
Quis o destino que o tricolor apaixonado Argeu tivesse nascido em 21 de julho, justamente a data de fundação do Fluminense. No dia, tradicionalmente, ele recebia o carinho de inúmeros amigos do clube, no que se tornou quase uma tradição.
Nos últimos anos, inclusive, o seu aniversário fez parte do calendário tricolor, ocupando os festejos da já tradicional Flu Fest em um churrasco com dezenas de ex-jogadores. Participou das grandes solenidades e de publicações especiais nos festejos dos 50 anos e dos 100 anos do Fluminense. Recentemente, foi homenageado pelo Conselho Deliberativo por seus 70 anos ininterruptos como sócio do clube.
Frequentador das arquibancadas desde os anos 1940, ele esteve presente a quase todos os jogos do Fluminense. Quase todos. Não ir a um jogo, para Argeu, era como faltar ao trabalho.
E acompanhava o dia a dia tricolor com a autoridade de quem viu a história se passar à sua frente. Sua rica memória, sempre disposto a contar e lembrar de vários fatos vividos pelo clube, era uma parte do patrimônio imaterial do Fluminense. Foi diretor do clube, ocupando importantes cargos que passaram pelo Conselho Deliberativo, departamento Social, Marketing e a vice-presidência de Futebol.
Argeu teve a mesma dedicação ao jornalismo, com brilhante e longeva carreira em O Globo, onde era reconhecido por todos por sua cultura e sua postura ética. Profissional querido em várias redações, era amante não só do futebol, como também do Carnaval. Foi um dos fundadores do Estandarte de Ouro, a mais importante premiação do Carnaval Carioca, da qual foi o Presidente de Honra por anos.
Argeu faleceu hoje, aos 88 anos, em um hospital da Zona Sul do Rio de Janeiro. Ele foi internado após um acidente doméstico. O presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, determinou luto oficial do clube por três dias”.