Uma das atrações do 8º Festival Internacional do Filme Restaurado Toute la Mémoire du Monde, que ocorre até dia 15, em Paris, está sendo a versão restaurada de 3:10 To Yuma, de Delmer Daves, o chamado documentarista do western. O filme de 1957, interpretado por Glenn Ford e Van Heflin, foi lançado no Brasil como Galante e Sanguinário. Mostra fazendeiro que, em troca de recompensa, aceita escoltar pistoleiro até o trem que o levará à cadeia. O problema é a quadrilha à qual o cara pertence, e que fará de tudo para libertá-lo.

Exatamente 50 anos depois, em 2007, James Mangold refilmou a história com Christian Bale e Russell Crowe. No Brasil, chamou-se Os Indomáveis. Mangold é um diretor estimável, senão brilhante. Tem bons filmes no currículo, incluindo Ford vs. Ferrari e Logan, com Hugh Jackman como Wolverine, que tem de bancar a figura paterna, protegendo a jovem mutante Laura K. Esse tema da paternidade percorre Os Indomáveis, porque o filho do fazendeiro, que não mantém a melhor relação com o pai, é atraído pelo pistoleiro, tão galante e sanguinário quanto o anti-herói de Daves. Pais e filhos também estão no centro de Ford vs. Ferrari.

O western, que já foi chamado de gênero norte-americano por excelência, tornou-se cada vez mais raro na produção de Hollywood, até porque Clint Eastwood, o último grande mocinho da tela, há tempos não empunha a pistola na paisagem do Velho Oeste. Por isso mesmo, uma iniciativa como a de James Mangold teve boa acolhida juntos a críticos que rezam pela cartilha de John Ford e Howard Hawks. Os Indomáveis está disponível na Netflix, onde também se encontram clássicos do gênero, grandes filmes produzidos nos anos 1950 e que pertencem à história. Dois destacam-se.

Matar ou Morrer, de Fred Zinnemann, de 1952, venceu os Oscars de melhor ator (Gary Cooper), montagem (Elmo Willisms) e trilha (Dmitri Tiomkin, com destaque para a canção Do not Forsake, Oh My Darling, por Tiomkin e Ned Washington. De comum com Os Indomáveis, Matar ou Morrer tem o tema do trem.

Cooper faz o xerife Will Kane, que busca ajuda da pequena cidade para enfrentar s pistoleiros que chegarão do trem do meio-dia (High Noon, título original), para matá-lo. Ele não encontra nenhum aliado e o roteiro de Carl Foreman usa a covardias coletiva para refletir sobre o macarthismo que, em 1952, tomava conta da vida norte-americana.

Realizado em 1951, mas só lançado em 1953, Os Brutos Também Amam, de George Stevens, ostenta, como poucos, a fama de western clássico. Ganhou o Oscar de fotografia em cores (para Loyal Griggs). Alan Ladd faz o pistoleiro Shane, que defende os pequenos proprietários contra os latifundiários numa pequena cidade. Narrativa de um duelo alegórico entre o bem e o mal, representado pelo Wilson de Jack Palance, o filme é visto pelos olhos de um garoto. A briga a socos e o duelo final são antológicos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.