06/02/2020 - 13:39
O mandatário espanhol Pedro Sánchez se reuniu nesta quinta-feira em Barcelona com o presidente regional catalão, o separatista Quim Torra, e anunciou a abertura, em fevereiro, de um diálogo bilateral que será “longo”.
“O que acordamos foi celebrar a primeira reunião desta comissão bilateral”, entre o governo central espanhol e o regional catalão, “no mês atual, ou seja, fevereiro”, declarou Sánchez à imprensa após a reunião, que durou quase duas horas.
O mandatário socialista reafirmou que quer evitar “a judicialização do conflito”, após a condenação, em outubro, de nove líderes separatistas a elevadas penas de prisão, por seu envolvimento na tentativa fracassada de secessão da Catalunha em 2017.
O encontro entre os dois líderes foi o passo anterior para a instalação da “mesa de diálogo” entre Madri e Barcelona.
Essa é uma promessa que Sánchez fez ao partido separatista da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), em troca deste último dar seu apoio indispensável à sua posse como chefe de governo no mês passado, no Parlamento espanhol.
A marcha de manobra de Sánchez é reduzida, em um Parlamento espanhol muito fragmentado. Sua coalizão de governo com a esquerda radical de Podemos carece de maioria, e avançar com orçamentos e suas iniciativas depende, portanto, de outras forças, incluindo o separatismo catalão.
“Eu vim para falar de esperança, de reencontro”, disse Sánchez, reconhecendo que “estamos diante de um diálogo que será longo” e difícil, em uma crise que já dura uma década.
A discordância básica ficou evidente minutos depois, quando o partido separatista de Torra realizou a reunião.
Segundo ele, as “condições centrais” do diálogo são o “exercício do direito de autodeterminação”, através de um referendo “validamente acordado” pelos dois governos e uma “anistia” para os condenados.
Duas condições impossíveis de assumiu para a equipe de Sánchez, que reiterou que ele não falará sobre secessão e que o atual governo regional da Catalunha, na Espanha, “representa melhor a pluralidade e o sentimento da sociedade catalã”.
– Eleições catalãs –
Como prova do bilateralismo a que o movimento de independência aspira em suas relações com Madri, Sánchez foi recebido na presidência do governo catalão, no centro de Barcelona, com tapete vermelho e guarda de honra dos Mossos d’Esquadra, a polícia regional.
Em outro gesto de um governo que quer se aproximar de Madri, Torra deu ao líder socialista um livro em inglês e outro em catalão.
O diálogo avançará entre numerosos obstáculos, começando com a situação de Torra, desativada em dezembro por desobedecer à autoridade eleitoral espanhola.
“O que estamos vendo hoje em Barcelona é como um presidente do governo homenageia uma pessoa desqualificada por sentença judicial por desobediência, enquanto é recebido como visitante estrangeiro”, disse Pablo Casado, líder do Partido Popular conservador, a principal formação de oposição.
Torra reluta em deixar o cargo e espera que o veredicto seja confirmado em breve pela Suprema Corte. No momento, ele anunciou que, nessas semanas, promoverá o processamento dos orçamentos catalães para este ano e, em seguida, anunciará a data de eleições antecipadas.