TÚNIS, 11 JAN (ANSA) – O marechal Khalifa Haftar, que lidera uma ofensiva para tomar a capital Trípoli, voltou atrás e aceitou na noite deste sábado (11) um cessar-fogo com as forças que apoiam o primeiro-ministro de união nacional da Líbia, Fayez al-Sarraj.
Inicialmente, Haftar havia rejeitado a proposta de trégua feita por Rússia e Turquia, mas acabou recuando após uma pressão pública do presidente Vladimir Putin. Horas antes, o líder russo havia dito que contava “muito” com a interrupção dos conflitos a partir da meia-noite.
A Rússia dá apoio tácito a Haftar e teria inclusive mandado mercenários para lutar a seu lado, enquanto a Turquia defende Sarraj, que chefia o único governo reconhecido pelas Nações Unidas (ONU) na Líbia.
“O anúncio da trégua na Líbia é uma boa notícia e cria espaço para diálogo. O caminho ainda é longo, mas a direção é a certa”, escreveu no Facebook o chanceler da Itália, Luigi Di Maio – Roma tem o país africano como prioridade em sua política externa.
Os dois lados do conflito, no entanto, já denunciaram violações do cessar-fogo.
Entenda a crise – A Líbia se fragmentou politicamente após a queda de Muammar Kadafi, em 2011, e desde então é palco de conflitos entre milícias.
De um lado, está o governo de união nacional guiado por Sarraj e apoiado pelos grupos armados de Trípoli e Misurata, pela ONU, pela Itália e pela Turquia; do outro, o Parlamento de Tobruk, fiel a Haftar, que tem apoio do Egito e dos Emirados Árabes.
O marechal, que busca derrotar o Islã político, e o Parlamento de Tobruk não reconhecem a legitimidade do governo Sarraj – instituído por uma conferência de paz no Marrocos, em 2015 – e controlam a maior parte do país, principalmente o leste e o desértico sul.
Ex-aliado de Kadafi, Haftar ajudou o coronel a derrubar o rei Idris, em 1969, mas rompeu com o ditador em 1987, após ter sido capturado no Chade. De lá, guiou, com o apoio da CIA, um fracassado golpe contra Kadafi. Por duas décadas, viveu como exilado nos Estados Unidos e ganhou cidadania americana.
Haftar se inspira no presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, que deu um golpe militar em 2013 para derrubar o islamista Mohamed Morsi e o governo da Irmandade Muçulmana, colocada na ilegalidade. (ANSA)