Professores universitários, estudantes e recém-casados estavam entre os 63 canadenses mortos na queda do avião ucraniano nesta quarta-feira, na região de Teerã, que acabou com a vida das 176 pessoas a bordo.
“Todos estão chocados”, disse Kavoss Zadeh, morador do bairro de “Little Tehran’ de Toronto.
A diáspora iraniana na América do Norte levou milhares de pessoas ao Canadá. Em 2016, mais de 210 mil pessoas de origem iraniana viviam no país, segundo dados oficiais.
Natural de Teerã, Zadeh, 65 anos, morou no Canadá durante 30 anos e conhecia muitos dos mortos no acidente.
“Alguns eram dentistas, médicos, pessoas altamente educadas”, disse o dono de supermercado. “Quando escutei (sobre o acidente) esta manhã fiquei muito triste”.
O Boeing 737 da Ukraine International Airlines (UIA) caiu momentos após decolar do Aeroporto Imã Khomeini de Teerã com destino a Kiev.
Mahdi Rozvani, 39 anos, funcionário de uma casa de câmbio no centro comercial Iranian Plaza, conhecia ao menos seis dos mortos. “São amigos, clientes. Estou surpreso”.
Saba Kebari, estudante de biologia da Universidade de York, 23 anos, revelou que alguns de seus colegas e amigos de faculdade estavam no avião. “O preço do dólar e da moeda do nosso país mudaram drasticamente e as pessoas preferem pegar o voo mais barato possível”.
Uma destas opções, explicou Kebari, é a Ukrainian Airlines.
– “Terrível” –
Ao menos 30 passageiros eram da região de Edmonton, segundo a imprensa canadense, incluindo um casal de professores da Universidade de Alberta e suas duas filhas, de 9 e 14 anos.
“Como alguém pode descrever isto com palavras? É simplesmente terrível”, disse um amigo do casal, Payman Parseyan, à emissora nacional CBC.
Dois estudantes da Universidade de Guelph, em Ontário, estavam no voo, assim como um de seus cônjuges, informou a instituição de ensino.
Siavash Ghafouri-Azar, 35 anos, e Sara Mamani, 36, regressavam do seu casamento no Irã quando morreram, segundo o jornal The Globe and Mail.
O dentista de origem iraniana Hamed Esmaeilion revelou que foi pegar a mulher e sua filha de nove anos no Aeroporto de Toronto, mas depois do acidente seguiu para Teerã em busca de respostas.
“Tenho amigos aqui, mas não parentes. Preciso partir. Estou só aqui”, disse o dentista.
O acidente de Teerã representa a segunda maior tragédia da aviação na história do Canadá, atrás apenas da do voo de 1985 da Air India, na qual morreram 268 canadenses sobre a costa da Irlanda.
A bordo do avião ucraniano também viajavam 82 iranianos, 11 ucranianos, 10 suecos, quatro afegãos, três alemães e três britânicos.