Reino Unido avança para Brexit histórico

Reino Unido avança para Brexit histórico

Depois de pavimentar o caminho para uma aprovação do acordo de Brexit negociado por Boris Johnson em dezembro, os deputados britânicos retomam, nesta terça-feira (7), os procedimentos para sua saída histórica da União Europeia (UE) no final do mês.

À frente de uma maioria parlamentar de 365 deputados, em uma câmara com 650 assentos, o primeiro-ministro conservador espera que seu projeto de lei, que traduz na legislação britânica o Tratado de Retirada negociado com Bruxelas, seja definitivamente aprovado pelos deputados nesta quinta (9).

Decidida por 52% dos votos em um referendo em 2016, a saída britânica do bloco europeu deveria ocorrer inicialmente em março de 2019, mas o bloqueio por um Parlamento fragmentado forçou três adiamentos – agora, até 31 de janeiro.

Graças a uma forte maioria conservadora, o Reino Unido encerrará em pouco mais de três semanas 47 anos de um relacionamento complicado com a UE, que, pela primeira vez em sua história, perderá um país-membro e ganhará um poderoso concorrente comercial e financeiro.

Para marcar o momento, um grupo de legisladores eurocéticos entrou com uma petição para que o Big Ben, o relógio mais famoso do mundo, desligado devido a uma grande restauração, toque excepcionalmente no final do mês.

De volta das férias de fim de ano, os deputados retomam o debate esta tarde. O calendário acelerado definido pelo governo prevê que o projeto seja adotado pela Câmara Baixa em três dias. Depois, segue para a Câmara Alta, a dos Lordes, que não deve causar problemas.

No ano passado, nessa mesma época, a então premiê Theresa May sofreu sua primeira grande derrota. O texto foi rejeitado por 432 votos a 202.

Com a esmagadora vitória eleitoral de Johnson em 12 de dezembro, os dias de caos político foram deixados para trás.

Como um sinal de que nada pode parar o Brexit, oito dias após as legislativas, os deputados deram sua primeira aprovação ao projeto, por 358 votos contra 234.

Liderada por um Partido Trabalhista em plena crise de identidade e em busca de um novo comando, após sofrer sua pior derrota eleitoral desde 1935, a oposição afirma que o acordo do Brexit será usado como “uma máquina de guerra” para conduzir uma maior desregulamentação.

Em uma demonstração de confiança, o governo Johnson anunciou em 11 de março a votação do novo orçamento para “tirar proveito das oportunidades decorrentes da realização do Brexit”.

O acordo do Brexit inclui um período de transição até 31 de dezembro de 2020, no qual, na prática, as relações entre ambas as partes permanecerão inalteradas para evitar rupturas brutais até que uma nova parceria econômica possa ser estabelecida.

Londres e Bruxelas embarcarão imediatamente em uma segunda fase de negociação, a de seu futuro relacionamento, a qual Johnson prometeu encerrar antes do final deste ano.

A nova presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o negociador-chefe europeu, o francês Michel Barnier, viajarão para Londres na quarta-feira (8) para sua primeira reunião desde que a alemã assumiu o comando da instituição europeia em dezembro.

Von der Leyen “discutirá com o primeiro-ministro como tentar superar esses desafios e garantir que chegaremos a um acordo positivo até o final do ano”, disse o porta-voz da Comissão, Eric Mamer.