O advogado Gustavo Bebianno, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, demitido em fevereiro, vai entrar na Justiça contra o presidente Jair Bolsonaro, com uma interpelação judicial. Bebianno, que era o presidente nacional do PSL quando Bolsonaro foi eleito presidente e teve uma contribuição primordial para a eleição do então deputado federal, do baixo clero da Câmara, quer saber se o mandatário se referiu mesmo a ele numa entrevista para uma revista semanal. Nessa entrevista, Bolsonaro disse que um ex-assessor, importante na sua eleição, teve envolvimento com a facada que recebeu no estômago de Adélio Bispo de Oliveira. “Estou muito preocupado com a saúde mental de Bolsonaro. Não é normal o nível de desequilíbrio que estamos vendo nele. Num primeiro instante, quando soube do absurdo cogitado, fiquei bastante revoltado, perplexo, indignado”, disse Bebianno à ISTOÉ nesta segunda-feira.
Bolsonaro afirmou que esse assessor era responsável por “detonar” todos os pretendentes candidatos a vice em sua chapa, como foi o caso do deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-RJ). O que leva Bebianno a concluir que Bolsonaro se referia a ele é que na campanha surgiu o comentário de que ele se opôs à escolha de Luiz Philippe como vice do atual presidente, que acabou escolhendo o general Hamilton Mourão. Bebianno diz que acusação é tão grave que caso essa insinuação se confirme, certamente o presidente está fora de seu juízo, está paranóico. “Ou ele está louco ou vou ficar com o deputado Delegado Waldir que o chamou de vagabundo”.
Durante a campanha para presidente, Bebianno só faltou carregar Bolsonaro no colo: lhe dava os remédios na hora certa, fazia as vezes de seu segurança particular, alinhavava alianças, pagava contas de campanha. Além disso, fez toda a contabilidade da campanha, guardando em seu poder todos os comprovantes de despesas. Além disso, levava Bolsonaro a gravar toda a sua propaganda na casa do amigo e sócio Paulo Marinho, também advogado, que abriu sua mansão no Rio para transformá-la em bunker de Bolsonaro. Portanto, Bebianno não consegue entender como Bolsonaro pode ter chegado a este ponto, a não ser que ele esteja perdendo o juízo, conforme Bebianno revelou à ISTOÉ. “Por que eu dedicaria quase 2 anos de minha vida a elegê-lo para depois tentar impedir sua eleição. Isso é simplesmente ridículo. Não estou mais com raiva do presidente. Estou com pena e preocupado com o Brasil. Bolsonaro precisa urgentemente de ajuda médica”, acrescentou Bebianno.