25/10/2019 - 10:31
A China afirmou nesta sexta-feira (25) que deseja ampliar seu comércio com o Brasil, procurando equilibrar o impacto de uma prolongada guerra comercial com os Estados Unidos.
O presidente Xi Jinping e seu colega Jair Bolsonaro reafirmaram os laços entre os dois países nesta sexta, durante a primeira visita oficial do presidente brasileiro à China.
“A China está disposta a importar mais produtos de alta qualidade e produtos de alto valor agregado do Brasil, que atendam às necessidades do mercado chinês”, disse a CCTV estatal, citando Xi.
Brasil e China esperam “promover o crescimento diversificado das exportações bilaterais de produtos agrícolas” por meio de acordos entre as autoridades aduaneiras e agrícolas dos dois países, segundo comunicado conjunto de Xi e Bolsonaro.
A China já é o maior parceiro comercial do Brasil em termos de exportação e importação, de acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços brasileiro.
“Estava ansioso por esta visista porque temos na China o primeiro parceiro comercial e me interessa muito fortalecer este comércio, bem como ampliar novos horizontes”, disse Bolsonaro.
“Hoje podemos dizer que uma parte considerável do Brasil precisa da China, e a China também precisa do Brasil”, acrescentou.
Em comunicado conjunto, os presidentes Xi e Bolsonaro defenderam “promover um crescimento diversificado das trocas comerciais agrícolas” entre os dois países.
Em 2018, as exportações brasileiras para a China totalizaram US$ 66,6 bilhões (27,8% do faturamento externo total do país), segundo dados oficiais.
– Contra o protecionismo –
Com a guerra comercial entre Washington e Pequim, as importações chinesas de produtos agrícolas dos Estados Unidos caíram de US$ 19,5 bilhões em 2017 para pouco mais de US$ 9 bilhões no ano passado, criando um déficit entre a oferta e a demanda de produtos-chave como a soja.
O Brasil já é a maior fonte de importação de soja da China, segundo a consultoria agrícola Trase.
Os líderes brasileiro e chinês enfatizaram a cooperação contínua entre economias emergentes diante do protecionismo em todo mundo.
“O mundo está enfrentando sérios desafios com o unilateralismo e o protecionismo, pressionando as principais economias, à medida que a incerteza e a instabilidade estão aumentando”, disse o vice-premiê chinês, Hu Chunhua, em um fórum de negócios nesta sexta, com a presença de Bolsonaro, que também se encontrou com o primeiro-ministro Li Keqiang.
“A China e o Brasil, como duas grandes economias, devem aumentar a comunicação e a cooperação para enfrentar esses desafios e concretizar o desenvolvimento compartilhado”, declarou Hu.
Durante seu discurso no fórum, o líder chinês disse que o comércio e o investimento entre os dois países cresceram rapidamente, demonstrando a “complementaridade” de ambas as economias.
Ele citou como exemplos a aviação, a agricultura e os serviços.
O governo de Pequim, acrescentou, deseja aprofundar sua cooperação com o Brasil no G20 e no Brics, que reúne os dois países e aRússia, Índia e África do Sul.
Xi planeja viajar para o Brasil em novembro para a cúpula do Brics, antes de seguir para o Chile para a reunião da Apec, o Fórum de Cooperação Ásia-Pacífico.
– Vistos chineses –
Na véspera, Bolsonaro declarou, ao chegar a Pequim, que planeja retirar a necessidade de vistos para turistas chineses, no âmbito de medidas para estimular a economia brasileira.
“Anunciamos que vamos, o mais rápido possível, seguindo a legislação, isentar o turista chinês de visto para adentrar o Brasil. Pretendemos também fazer a mesma coisa com a Índia”, afirmou Bolsonaro ao lado de seu ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
Araújo explicou que a medida “não necessariamente” exige reciprocidade e que ela se propõe a “atrair turistas chineses”.
Bolsonaro espera que o turismo passe de 6% para 10% do PIB brasileiro.
A China é o país que envia mais turistas para o exterior, e o Brasil busca conquistar sua participação nesse mercado.
“Atualmente, cerca de 60.000 turistas chineses visitam o Brasil todos os anos”, de acordo com o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), que recomendou isentar os viajantes chineses de vistos.
Este ano, o governo brasileiro também retirou a exigência de visto para turistas dos Estados Unidos, Austrália, Japão e Canadá, sem exigir a reciprocidade da medida.