04/10/2019 - 19:49
Um sensor ingerível que permite que os médicos monitorem remotamente a ingestão de medicamentos por pacientes com tuberculose tem o potencial de salvar milhões de vidas e revolucionar o tratamento da doença infecciosa mais mortal do mundo, disseram pesquisadores nesta sexta-feira.
Um estudo randomizado com 77 pacientes na Califórnia, publicado na revista PLOS Medicine, revelou que 93% dos pacientes que usavam o sensor tomavam suas doses diárias do tratamento, em comparação com 63% que não usavam.
Cerca de 10 milhões de pessoas contraem tuberculose anualmente e, em 2017, 1,6 milhão de pessoas morreram da doença.
A baixa adesão aos tratamentos é normalmente associada à transmissão contínua e ao surgimento de cepas da doença resistentes a medicamentos.
Na chamada Wirelessly Observed Therapy (terapia sem fio observada, ou WOT na sigla em inglês), um paciente engole um pequeno sensor do tamanho de uma pílula e usa um adesivo no tronco que transmitem os níveis de medicação via Bluetooth.
O médico pode acompanhar em tempo real a ingestão de medicamentos usando um aplicativo de smartphone.
“Se levamos a sério a erradicação da tuberculose, precisamos acertar algumas coisas fundamentais, como o aumento do apoio ao atendimento ao paciente, que ajuda eficientemente os pacientes a concluírem todo o tratamento”, disse Sara Browne, professora de medicina clínica da Universidade da Califórnia em San Diego, que dirigiu o estudo.
A grande maioria das mortes por tuberculose ocorre nos países em desenvolvimento, liderados pela Índia.
Mark Cotton, professor de pediatria e saúde infantil na Universidade Stellenbosch, disse que a tecnologia poderia ter um efeito profundo nas taxas e mortes de tuberculose em países de alto risco.
“Precisamos avaliar urgentemente a aplicabilidade do WOT em países de alta prevalência, como Índia e África do Sul, onde as taxas de adesão (ao tratamento) são geralmente baixas devido a barreiras geográficas, estigma e pobreza”, disse Cotton.
“O WOT poderia ser um salva-vidas para milhões de pessoas”.