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SEM RESTRIÇÃO
Carioca aparece como Dilma, La Peña interpreta a “Magrina” e Serra mostra bom humor no “CQC”

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Como alvo de brincadeiras, os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV), além de outros candidatos, ressurgiram em plena forma nas telas de tevê. Abrindo a temporada de humor liberado, o Carioca, do “Pânico” da RedeTV!, vestiu-se de Dilma e até compôs um musical inspirado na música “Eu Tô Voltando”, famosa na voz de Simone. No dia seguinte, o “CQC”, da Rede Bandeirantes, exibiu o material que estava censurado desde o dia 1o de julho, quando resolução do Tribunal Superior Eleitoral proibiu sátiras com candidatos e partidos políticos. Entrevistado pela humorista Mônica Iozzi, Serra apareceu no “CQC” declarando não se incomodar nem de usar nariz de palhaço, adereço que ganhou graças a recursos de pós-produção. Na terça-feira 31, foi a vez de o “Casseta & Planeta” mostrar de novo suas criações. Intérprete da personagem Magrina Silva, o humorista Hélio de La Peña fez um corpo a corpo na pele da candidata verde. “A restrição era absurda”, diz La Peña. “Tivemos de botar a boca no trombone.”

As sátiras políticas só voltaram ao ar depois que o ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal, considerou a restrição da Lei Eleitoral um cerceamento à liberdade de expressão ao julgar ação ajuizada pela Associação Brasileira de Rádio e TV. A interpretação de Ayres Britto, chancelada pelo plenário do Supremo por maioria de votos na quinta-feira 2, é de que, em vez de censura prévia, cabe vetar a propaganda política. E casos de infração devem ser avaliados pela Justiça. “Prevaleceu o bom-senso, uma matéria-prima muito rara”, comenta o âncora do “CQC”, Marcelo Tas. “Fiquei envergonhado de entrar ao vivo na BBC de Londres e ter que explicar aos ingleses que no Brasil ainda havia censura”, afirma Tas, que também foi convocado a dar entrevistas sobre o assunto à National Public Radio, dos Estados Unidos, e às redes internacionais de tevê CNN e Al Jazeera.

Ao mesmo tempo que a notícia da censura ao humor corria mundo – saiu até no “China Daily” –, os humoristas brasileiros levaram a sério o impedimento. Fizeram até passeata em Copacabana, no Rio de Janeiro. Um abaixo-assinado que começou na praia carioca foi entregue ao ministro da Cultura, Juca Ferreira. Após dar seu apoio aos humoristas, o ministro criticou Tiririca, candidato a deputado federal pelo PR de São Paulo, que aparece no horário eleitoral dizendo: “Vote no Tiririca, pior do que tá não fica.” Para o ministro, trata-se de um deboche à democracia. Devido a atuações do gênero no programa oficial, o humorista Carioca diz que se diverte quando assiste à propaganda política: “Está difícil concorrer com esses caras.”