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DIANTEIRA
A um mês das eleições, Agnelo virou o jogo em Brasília

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As eleições do Distrito Federal so­freram uma reviravolta e tanto. Enquanto o até então favorito ex-governador Joaquim Roriz (PSC) vê sua candidatura perder fôlego, o petista Agnelo Queiroz caminha celeremente para se sentar no Palácio do Buriti como sétimo governador eleito de Brasília. É nessa direção que aponta uma pesquisa do Instituto CB Data, do jornal Correio Braziliense, divulgada na quinta-feira 2 de setembro. Pela primeira vez, Agnelo tomou a dianteira com 40% das intenções de voto e Roriz ficou em segundo lugar com 34%, num cenário com outros seis candidatos nanicos. No segundo turno, o candidato do PT venceria com 43% contra 35% do principal oponente. Há um mês quem apostasse na derrota do ex-governador seria tido como desinformado. Agnelo chegou a ter menos do que a metade dos votos de Roriz. “É realmente uma grande virada. A população resolveu romper com o passado de bagunça. Mas tenho evitado comemorar”, disse Agnelo Queiroz à ISTOÉ.

A política prega peças, mas tem lá a sua lógica. Por ter renunciado ao mandato de senador em julho de 2007 para escapar da cassação, Roriz corre o risco de chegar ao primeiro turno das elei­ções, em 3 de outubro, com sua candidatura sub judice, pois o TSE, com base na lei da ficha limpa, negou seu registro por 6 votos a 1. Roriz aguarda, agora, a decisão do Supremo Tribunal Federal e acredita que lhe será favorável. Mas diante da impugnação não para de perder votos. “Nós não estamos enfrentando o Agnelo, estamos enfrentando os tribunais”, diz Paulo Fona, coordenador da campanha de Roriz. Mas o próprio ex-governador admite que tem um adversário bem mais perigoso: o presidente Lula. Sua preocupação mais imediata são os comícios de Agnelo no dia 6, em Valparaíso de Goiás, e dia 16, em Águas Claras, que terão a presença de Lula.

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No início da campanha, Roriz trafegou quase que sozinho. Afinal de contas, governou o DF por quatro vezes e criou cidades satélites importantes, como Samambaia, que hoje tem 180 mil habitantes. Já Agnelo enfrentou um caminhou bem mais espinhoso. Viu-se forçado, por exemplo, a disputar prévias no PT contra Geraldo Magela, numa luta renhida. Só depois deu início à campanha. Seu grande trunfo, sem dúvida, foi o programa de TV no horário eleitoral, com a exposição ombro a ombro com o presidente Lula. No DF, Lula tem quase 90% de índice de popularidade e Agnelo procura se atrelar ao prestígio do presidente. Tradicionalmente, em Brasília, a classe média vota no PT, enquanto as classes C, D e E sempre foram simpáticas a Roriz. Hoje, graças à influência do presidente, essa divisão de classes acabou.

Com o apoio dos companheiros Lula e Dilma Rousseff, Agnelo passou a invadir os redutos rorizistas. A candidatura de Agnelo, ex-ministro dos Esportes, também cresce sustentada pela campanha ostensiva na rua, com uma militância petista combativa como pouco se vê no País. “Queremos para Brasília o mesmo que queremos para o Brasil e o eleitor está entendendo essa mensagem. Por isso, repetimos a mesma aliança nacional. Já o Roriz não tem nem registro”, tripudia Agnelo.

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FICHADO
O TSE impugnou a candidatura de Roriz, que
agora vai ao STF tentar mudar a decisão

Enquanto aguarda a decisão do STF, a coligação de Agnelo entrou com pedido na Justiça Eleitoral para retirar o ex-governador do rádio e da TV. Os advogados do PT entendem que sem registro não é possível formalizar a candidatura. Portanto, Roriz não é candidato. O cientista político e professor da Universidade de Brasília, David Fleischer, concorda que as impugnações têm tido um peso forte na perda de votos de Roriz, mas diz que importante mesmo será a voz das urnas. “Eu, pessoalmente, acho mais válido para a democracia que o Roriz perca a eleição no voto, e não nos tribunais”, diz Fleischer.