Poderia ser apenas mais um enredo água-com-açúcar, daqueles de lotar cinemas nos domingos. Amor em jogo (Fever pitch, Estados Unidos, 2005), em cartaz nacional na sexta-feira 2, não esconde ser uma comédia romântica. Mas o que o diferencia das tramas prosaicas de Meg Ryan é o humor contemporâneo de Nick Hornby – a trama é baseada no best-seller Febre de bola – e a direção dos irmãos Farrelly, cuja especialidade mesmo é tirar um sarro, como em Quem vai ficar com Mary? (1998) e Eu, eu mesmo e Irene (2000). A história tem todos os cacoetes de Alta fidelidade (2000), adaptação de Hornby mais conhecida por aqui. Nele, o personagem Rob Gordon insistia em viver no seu mundo juvenil, apegado à paixão enciclopédica pela música pop. Em Amor em jogo, o professor trintão Ben Wrigtman (Jimmy Fallon, comediante do programa Saturday night live) é o molecão da vez, ainda preso à infância devido ao beisebol – mais especificamente ao Boston Red Sox, time que sofria até o ano passado um regime de 86 anos sem vitórias.

Tudo muda quando Ben conhece Lindsey Meeks (Drew Barrymore), uma executiva de sucesso que busca o parceiro ideal. A moça pensa ter encontrado sua cara-metade, mas tudo vai por água abaixo quando começa a temporada de jogos e Ben revela-se um fanático descontrolado e imaturo. O toque dos irmãos Farrelly fica por conta dos momentos bizarros que rendem boas risadas, como no primeiro encontro do casal, que termina com Ben limpando o vômito de Lindsey. Como se vê, uma comédia romântica com tiradas mais ácidas que adocicadas.