Para quem achava que já tinha visto de tudo nos relatos de grampos telefônicos envolvendo bandidos e celebridades no Rio de Janeiro, o poço parece ser mais fundo. A Polícia Civil do Rio, que investiga relações promíscuas entre traficantes e famosos, fez na semana passada seu primeiro indiciamento. Gravações telefônicas, obtidas com autorização judicial, mostram que o advogado Marcelo Santoro – irmão de Mônica Santoro, ex-mulher do jogador Romário – colocava o traficante Erismar Rodrigues Moreira, o Bem-Te-Vi, chefe do tráfico na Rocinha, em contato com um dos filhos do atacante, um garoto de 11 anos. As conversas ocorriam por meio de um radiotransmissor e, segundo suspeita a polícia, o advogado também teria levado o menino à favela. Mônica foi denunciada pelo Ministério Público por abandono moral de menor e Romário já fala em requerer na Justiça a guarda dos dois filhos que tem com a ex-mulher.

O Ministério Público do Rio denunciou Marcelo Santoro por corrupção de menores e a polícia o enquadrou por abandono moral. “Ele alegou que atendeu a um pedido do traficante, que é fã de Romário”, diz a inspetora Marina Maggessi, que coordenou as investigações. Romário depôs há duas semanas por ter sido citado em gravações que o envolvem com o próprio Bem-Te-Vi.

E o jornal Extra revelou na última semana que uma aposentada de 80 anos, durante dois anos, filmou da janela de sua casa, em Copacabana, o tráfico na sua vizinhança. Treze traficantes e sete PMs foram presos graças às imagens.