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BOM EXEMPLO
Carros esperam para ser reciclados na Alemanha.
No Brasil, ainda convivemos com os desmanches ilegais

Você já parou para pensar no destino da sua geladeira quando ela estiver obsoleta? E qual será o fim da linha para o seu carro, depois que você o tiver trocado por um modelo mais novo? Até quem separa o lixo em casa não se dá conta de que objetos maiores do que uma garrafa PET ou uma lata de alumínio podem – e devem – ser reciclados. Embora as ações nesse sentido ainda sejam tímidas, o Brasil começa a ganhar espaço num cenário em que aumenta a demanda por matérias-primas, assim como a necessidade de dar destinação correta aos bens de consumo.

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METAMORFOSE
Geladeiras e freezers são desmontados na Inglaterra

Indústrias que realizam esse tipo de processamento são essenciais para que a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que virou lei em julho, seja posta em prática. A nova legislação diz que os fabricantes são responsáveis pela destinação adequada dos seus produtos. “Temos capacidade para processar 420 mil geladeiras e freezers por ano”, diz Philipp Bohr, diretor-geral da Fox, primeira indústria especializada nesse tipo de reciclagem no País. Além do material sólido (metais, plástico e vidro), o gás presente nesse tipo de eletrodoméstico passa por um processo pioneiro. O clorofluorcarbono (CFC), danoso ao meio amebiente, é totalmente transformado em ácidos, usados em diferentes indústrias.

AGORA É REGRA
Segundo a Lei Nacional de Resíduos Sólidos, os fabricantes
são responsáveis pela destinação final de seus produtos

Outros gigantes, porém, não têm destino tão nobre. Mais de 1,3 milhão de caminhões que circulam pelo Brasil são a prova disso. Cerca de 600 mil deles têm mais de 20 anos de uso. Pior: 270 mil rodam há mais de três décadas. Segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT), os veículos fabricados depois de 1993 emitem de 80% a 90% menos poluentes do que os mais antigos. Pensando nisso, a CNT elaborou o Plano Nacional de Renovação de Frota de Caminhões, apresentado no ano passado ao governo federal. A proposta prevê, além de financiamento para caminhoneiros autônomos e microempresários do setor, o incentivo a usinas que possam transformar as partes descartadas em novas matérias-primas. Planos semelhantes já existem em países como México, Argentina e Espanha. “Seria preciso sucatear 50 mil caminhões a cada 12 meses ao longo de 13 anos para retirar de circulação todos os veículos com mais de 30 anos de idade”, estima Clésio Soares de Andrade, presidente da CNT. A proposta, no entanto, ainda não tem previsão para virar realidade. O cenário é pior ainda quando os automóveis entram na equação, como provam os carros sem manutenção quebrados nos congestionamentos das metrópoles e os desmanches ilegais que escapam do controle das autoridades.

O descarte de televisores e computadores obsoletos é outro problema grave, sobretudo nos países em desenvolvimento. No Brasil, são poucos os pontos de coleta desses produtos, como o posto localizado na Universidade de São Paulo (USP). Desde o ano passado, lá é realizada a separação dos componentes dos eletrônicos, depois encaminhados às indústrias de reciclagem. É o primeiro centro público desse tipo no País. Máquinas ainda em condições de uso são doadas para escolas ou projetos sociais – que têm de devolvê-las ao centro quando o equipamento não funcionar mais. É preciso ir além para que nossos lixões não fiquem ainda maiores e mais tóxicos.

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