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RENOVAÇÃO
Szymanskyj, 53 anos, revolucionou a organização que assumiu em apenas nove meses

O Empresário Paulo Humberg, 44 anos, já criou um canal de tevê de ofertas, um site de leilões, um fundo de investimentos, uma página de compras coletivas na internet, é executivo-chefe de uma ponta de estoque virtual e tem mais dois projetos a serem lançados até o final do ano. “Me sinto com 18 anos, tamanho o número de ideias que tenho”, confessa o executivo paulistano, que conta com quase dois milhões de usuários em seu site de vendas. É senso comum achar que apenas os recém-saídos das universidades podem ter iniciativas inovadoras e revolucionar suas áreas de atuação, principalmente em setores mais novos, como o de tecnologia. Pessoas como Humberg são prova de que isso não passa de uma visão estereotipada do mundo dos negócios. E pesquisas acadêmicas recentes ajudam a derrubar de vez esse mito.

Segundo um novo estudo americano, a faixa etária em que os empreendedores são mais criativos e têm coragem de assumir riscos é entre 55 e 64 anos. Além disso, negócios iniciados pelos mais velhos têm mais chances de sucesso, sendo duas vezes maior entre os que têm mais de 55 anos, em comparação com a faixa entre 20 e 34 anos. Os principais motivos não são apenas a maior experiência em suas áreas, mas também o profundo conhecimento das necessidades dos seus clientes e uma rede de apoio acumulada em anos de relacionamentos. “Empreendedores maduros não são só criativos como também costumam construir companhias com tecnologias avançadas e lidam de forma inteligente com seus clientes”, afirma o autor do estudo, Vivek Wadhwa, da Universidade Duke. A pesquisa, patrocinada pela Fundação Kauffman, uma das maiores do mundo em empreendedorismo, estudou 549 empresas de tecnologia de bem-sucedidas.

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IMAGINAÇÃO
A mente fértil de Humberg, 44, inventa uma empresa online atrás da outra

É uma boa notícia para uma sociedade que está envelhecendo, mas precisará continuar competindo e gerando riquezas. Até 2030, estima-se que a idade média dos americanos subirá de 37 para 39 anos, dos europeus, de 40 para 45, dos japoneses, de 45 para 49, e dos brasileiros, de 29 para 36. “É um erro achar que o vigor físico dos jovens se reflete em vigor criativo”, comenta a psicóloga organizacional Carmem Lúcia Rittner, que considera um equívoco quando as companhias colocam apenas jovens em projetos que exigem criatividade e relegam aos experientes procedimentos de rotina. “É um desperdício abrir mão tão cedo de profissionais nos quais se investiu tanto. As empresas têm de aprender a tirar melhor proveito das pessoas maduras.”

A visão estereotipada de que os mais velhos são menos ousados surgiu na chamada segunda revolução industrial, com a explosão da internet na década de 1990, na opinião do psicólogo especializado em trabalho Odair Furtado. “Como o movimento partiu do meio acadêmico, isso contribuiu para disseminar esse clichê”, afirma. Ele acredita que a energia para inovar tem mais relação com o perfil do profissional do que com a idade. “A pessoa pode estar com 70 anos e continuar tendo grandes ideias ou abrindo negócios de sucesso”, afirma.

A capacidade de se manter inovador e cheio de iniciativa não vem sendo constatada apenas entre os empreendedores. Em outro estudo recente, da Universidade de Dresden, na Alemanha, ficou comprovado que os profissionais experientes não só tinham grandes ideias como propunham mudanças de retorno financeiro mais elevado quando comparados ao grupo dos jovens. A pesquisa foi feita por encomenda de uma grande companhia alemã, que queria implantar um programa de antecipação de aposentadorias. Após concluído o trabalho, a empresa desistiu da iniciativa.

Foram justamente as décadas de experiência em gerir pessoas que levaram à contratação, no ano passado, do executivo Ascold Szymanskyj, 53 anos, por uma empresa líder em softwares para o setor de telecomunicações. Após apenas nove meses de trabalho, o escritório da empresa no Brasil saiu do último para o primeiro lugar em vendas na América Latina no ranking com as outras filiadas. Vice-presidente de vendas da companhia, Szymanskyj conseguiu recuperar nesse período a confiança dos clientes e a motivação dos funcionários. Para isso, ele usou toda a sua criatividade. “O problema da empresa não era a qualidade do produto, mas a confiança que ela havia perdido em seu potencial no mercado”, diz o executivo, do alto dos seus 27 anos de experiência no mercado. E com a criatividade em dia para encontrar as melhores soluções.

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