Foi em 2006, em plena campanha presidencial, que o PSDB decretou a sua própria sentença de morte.

O partido começou a definhar quando o candidato Geraldo Alckmin, rendido ao discurso e à patrulha petista, vestiu uma jaqueta com os logotipos das estatais para sinalizar que não privatizaria nenhuma joia da coroa. De lá para cá, o ninho tucano viveu uma lenta agonia até o dia em que o atual candidato, José Serra, atirou a legenda de vez na sepultura, utilizando imagens do presidente Lula no seu programa eleitoral. Se é tão bom aparecer ao lado de Lula, melhor ainda deve ser votar na candidata que Lula indica. E, se o PSDB tem tanta vergonha do que fez no passado, não merece mesmo voltar ao poder.

Diante da falta de rumo dos ­adversários, Lula se comporta como um predador com sede de sangue e que espreita a possibilidade de exterminar qualquer rastro de ­oposição no País. José Serra já faz parte do passado. O próximo alvo será Aécio Neves, que, se vier a perder as eleições estaduais em Minas ­Gerais, sem fazer de Antonio Anastasia seu sucessor, será apenas um senador perdido num Congresso dominado por PMDB e PT. ­Restaria aos tucanos a possibilidade de se encastelar no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, com a provável vitória de Geraldo Alckmin. O que não significaria absolutamente nada, pois o PSDB ­continuaria incapaz de viabilizar um projeto nacional de poder – e Alckmin poderia estar abrigado em qualquer partido.

É possível até que a história seja generosa e reserve ao PSDB uma boa imagem futura: um partido que nasceu para estabilizar a moeda, reformar algumas estruturas do Estado e depois desse pequeno ­interregno se dissolveu. Cumprida a missão, o Brasil retornou ao seu leito natural. Voltou a ser a sociedade patrimonialista de sempre, na qual petistas, peemedebistas e assemelhados disputariam cada fatia de um setor público hipertrofiado e também lucrativo para os amigos do poder que o exploram. E como o Brasil de hoje, com suas riquezas naturais, é cada vez mais importante para o resto do mundo, o ciclo de prosperidade atual poderá durar por muitos anos, perpetuando no poder os que aí estão. Em 3 de outubro de 2010, a história do PSDB poderá estar chegando ao fim, ainda que o partido faça alguns governadores. E a oposição ao PT, como previu o ex-presidente José Sarney, nascerá do ventre do próprio lulismo, quando os aliados do projeto de poder petista estiverem em guerra e insatisfeitos com o critério de partilha do pão estatal.