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Assista ao trailer do documentário no player acima

 

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PIONEIRO
Ademar criou o primeiro jingle e a primeira radionovela no Brasil

Estreia em todo o País na segunda-feira 3 um dos melhores documentários aqui já produzidos. Encanta pelo apuro técnico e pelo personagem enfocado: Ademar ­Casé, pernambucano que se apresentou ao Rio de Janeiro pulando de um pau de arara para a calçada e saltando da difícil condição de retirante para a glória do rádio brasileiro. O seu sobrenome nos é familiar, trazido no sangue pela atriz Regina Casé – são avô e neta. E é justamente seu marido, o cineasta Estevão Ciavatta, quem dirige o filme “Programa Casé – o que a Gente Não Inventa, Não ­Existe”. Foram dez anos para o documentário ficar pronto e a demora se explica: Ademar fez coisas demais.

Em 1932 ele criou o primeiro programa de rádio com anúncios no País, o “Programa Casé”, pioneiro no método de se pagar com a venda de anúncios ao longo das transmissões. Nascia assim o rádio comercial e com o dinheiro ganho por meio da publicidade pagava-se o cachê aos artistas. Mais: foi Casé quem reuniu estrelas como a “Pequena Notável” Carmen Miranda e o “Rei da Voz” ­Francisco Alves. Mais ainda: descobriu e apresentou ao público o genial “Poeta da Vila” Noel Rosa. Além de inovar no campo artístico-musical, ele responde pela primeira radionovela brasileira (chamou-se “Em Busca da Felicidade”) e pela criação do primeiro jingle nacional. “Ele era muito esperto e inventivo”, diz Ciavatta.

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HERANÇA
Neta de Ademar, Regina Casé cuida do seu acervo

O filme traz depoimentos comoventes, sobretudo os dos compositores Braguinha e Dorival Caymmi. As imagens de época vieram de ­arquivos diversos, entre eles o da própria família. Mas talvez o melhor da vida de Ademar, e portanto o melhor do documentário, é como ele se tornou a estrela que foi. Gostava de vender aparelhos de rádio e batia à porta dos ­ricos. Ainda que ninguém quisesse comprar nada, ele deixava um produto de “presente” para testes. Voltava depois, a engenhoca era comprada, e, ­assim, ele se tornou “o maior vendedor de ­rádios do Rio de Janeiro”. Ganhou a simpatia dos diretores da empresa que ­representava, e esses diretores mantinham uma emissora. O resto é história. Ou melhor, documentário – e dos bons.