2000EOITO/ Sesc Pinheiros, São Paulo/ até 5/10
PAULO PASTA/ Centro Cultural Banco do Brasil, Rio/ até 21/9

Não foram escassos os anúncios da morte da pintura. O primeiro alerta veio com a invenção da fotografia, há quase 200 anos. A fixação da imagem do mundo sobre o papel fotográfico gerou o grande dilema da pintura moderna, colocando em suspensão sua função de representação da realidade. A resposta das vanguardas foi implacável e começou com as três telas monocromáticas de Alexander Rodchenko, anunciando o fim dos valores tradicionais do ofício: não havia mais figura, fundo, nem representação. Depois, viriam outros demolidores de convicções, como Mondrian, Duchamp, até surgir, no Brasil, Aluísio Carvão e a geração de neoconcretistas que projetaram vibrações cromáticas para além da superfície plana da tela. Essa vontade de experimentação que nasceu com a fotografia, o cinema e o vídeo teria contaminado também a relação dos artistas com a pintura. Essa tese foi desenvolvida pela exposição Pintura reencarnada, em 2004, com curadoria da jornalista Angélica de Morais, que argumentava sobre a mutação da matéria pictórica contemporânea em pixels, feixes de luz, impulsos e sensores elétricos. Agora, o debate sobre a morte e a reencarnação da pintura pode ganhar novos contornos com a exposição do grupo 2000eoito, que reúne oito jovens pintores que não abrem mão de usar tintas sobre superfícies planas, mesmo que assimilem processos e temáticas importadas da fotografia e das câmera de vigilância.
"Fomos contaminados pela discussão sobre a morte da pintura e também pelo Skype, GPS, vídeo, internet, etc. A tecnologia é nossa aliada, mas é na pintura que encontramos a melhor forma de dizer o que queremos", diz o pintor Marcos Brias, um dos integrantes do grupo 2000eoito, que se formou há um ano com o objetivo de fazer uma exposiçãocoletiva de pintura. "Todos nos sentíamos ilhados, pois éramos parte de uma minoria que pintava", diz Rodolpho Parigi, que procura traduzir na pintura "a hibridização e a vibração da vida contemporânea".
A presença dessa vibração contemporânea é perceptível na mostra, mesmo que os artistas façam um uso assumido de valores e gêneros pictóricos tradicionais: Rodrigo Bivar dedica-se ao retrato, Marina Rheingantz, Bruno Dunley e Renata De Bonis se debruçam sobre a paisagem, Ana Elisa Egreja trabalha sobre o valor decorativo da natureza-morta. Mas talvez onde a pintura efetivamente entre em fricção com a atualidade seja no trabalho de Regina Parra, que representa imagens captadas por câmeras de vigilância. "O uso da fotografia como intermediação entre a realidade e a pintura é o que diferencia essa geração da minha", afirma o pintor Paulo Pasta, curador da exposição e ex-professor do grupo. Mas, segundo ele, a contemporaneidade, nesses artistas, não está no uso da fotografia. "Está na vitalidade, no ânimo, no entusiasmo com que eles se colocam diante da pintura", afirma o pintor, que atualmente expõe um panorama de sua produção recente no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio.

Roteiros

Além do horizonte

VELOFLUXO/ Centro Cultural Banco do Brasil, Brasília/ até 12/10

Suzana Queiroga faz pintura sobre tela mas também investiga sua aplicação sobre outros meios. Na mostra Velofluxo, um balão de ar quente e instalações infláveis tornam-se suportes para as pinturas da artista carioca. O roteiro da exposição inclui vôos de balão, programados para os fins de semana, até 26 de outubro.