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Desde sua morte no circuito de Ímola, em 1994, Ayrton Senna quase virou filme várias vezes. O ator espanhol Antonio Banderas, por exemplo, foi um dos que anunciaram a intenção de produzir um blockbuster hollywoodiano com a história do ídolo do automobilismo. Não vingou. Os diretores Ridley Scott e Renny Harlin também tentaram, mas os projetos nem sequer saíram do papel. O desinteresse do maior mercado mundial de cinema, os Estados Unidos, pela Fórmula 1, sempre surgia como entrave. O peso da opinião da família Senna, que não se sentia confortável com os roteiros carregados de tons dramáticos, também teve sua influência. Assim, os filmes que surgiram nos anos seguintes à morte do ídolo eram quase sempre produto para a televisão, limitados aos pequenos orçamentos. Mas agora, 16 anos após o trágico acidente na Itália, o piloto deve finalmente ganhar um filme à sua altura. “Senna” é um documentário montado com raras imagens de arquivo e produzido para exibição nas grandes telas do cinema. A previsão de estreia é dia 7 de novembro, domingo, data do Grande Prêmio de Interlagos, etapa brasileira da Fórmula 1.

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VELOZ
Em dez anos de carreira na F-1, Senna virou o maior ídolo brasileiro desde Pelé

O filme é uma empreitada inglesa capitaneada pelo produtor James Gay-Rees em parceria com a Working Title Films, responsável por sucessos como “O Diário de Bridget Jones”. O diretor escolhido, Asif Kapadia, é fã declarado de Ayrton Senna e escolheu três brasileiros para compor sua equipe – entre eles Antônio Pinto, autor da trilha sonora. “Já éramos fãs antes, mas depois das pesquisas temos ainda mais admiração por ele”, disse Kapadia à ISTOÉ. “Ele foi um homem fantástico, um verdadeiro herói.” Para Gay-Rees, o projeto se destacou entre outros tantos que chegam à família do piloto justamente por propor uma estreia mundial na telona, e não na televisão.

De início, a produção iria se concentrar no fim de semana da morte do brasileiro. Os três dias trágicos nos quais Rubens Barrichello sofreu um grave acidente na sexta, o austríaco Roland Ratzenberger morreu durante o treino classificatório do sábado e Senna morreu no domingo. Mas, conforme entrevista dada por Gay-Rees ao blog The Conversations, a família de Senna não aprovou a ideia inicial. “Eles queriam mostrar toda a trajetória de Senna e como sua carreira transcendeu o esporte”, afirmou Gay-Rees. O produto final mostra a vida do tricampeão mundial e ídolo nacional dentro e fora das pistas ao longo de seus dez anos de carreira na F-1, entre 1984 e 1994.

Estão lá desde o namoro com a apresentadora de televisão Xuxa Meneghel até as memoráveis ultrapassagens na chuva. Os cineastas tiveram à disposição os arquivos da Rede Globo e de outras redes de tevê no Japão, na França e Itália. Tudo foi costurado quase sem narração ou entrevistas. “Quis usar as imagens dele e suas próprias falas para recontar sua história”, afirmou Gay-Rees. Em 90 minutos, eles esperam mostrar o melhor de Senna, tanto para quem ainda se emociona quando se lembra dele nas manhãs de domingo quanto para quem só foi saber de sua existência depois de 1994. Fazer justiça a um herói não é fácil. Até porque a saudade e a lembrança só potencializam a lenda.

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