i56796.jpgQuem decidir comprar um caminhão zero-quilômetro precisará de dinheiro e, sobretudo, de paciência. A fila de espera chega a dez meses em alguns modelos, reflexo de uma demanda superaquecida – que tem crescido acima de 50% ao ano nos últimos 24 meses – e de uma indústria que trabalha no limite da capacidade, surpreendida pela expansão, principalmente, do agronegócio, da mineração e da construção civil. Quem tiver mais sorte pode conseguir seu caminhão entre 30 e 120 dias. Mas são exceções à regra. “Nosso desafio é equilibrar a distribuição e reduzir essa espera para o mínimo possível, para cerca de 60 dias. E não está fácil. A procura é grande e existem muitos pedidos já programados, principalmente no segmento de pesados”, garante o diretor de operações da Ford Caminhões, Oswaldo Jardim.

Eufóricas com essa impressionante performance das vendas internas, e ao mesmo tempo preocupadas com o aumento das encomendas, as montadoras abrem os cofres e fazem investimentos bilionários para ampliar a capacidade produtiva. No total, foram anunciados mais R$ 3 bilhões neste ano, segundo a associação das fabricantes, a Anfavea. A Mercedes-Benz, por exemplo, divulgou na última semana R$ 1,5 bilhão para aumentar em 25% a produção diária da fábrica de São Bernardo do Campo (SP). A empresa trabalha 24 horas por dia desde o ano passado. Já a Volvo, dentro de um plano de investimento de quase R$ 200 milhões, decidiu nesta semana abrir segundo turno em Curitiba para expandir a produção de 56 para 77 unidades por dia. “Estamos preparados para o terceiro turno, caso seja necessário”, afirma o gerente de vendas da Volvo, Bernardo Fedalto. A Volkswagen Caminhões é outro exemplo. Para não perder a boa maré, a matriz alemã liberou investimento de R$ 1 bilhão para os próximos quatro anos. A montadora iniciará o terceiro turno na planta de Resende (RJ) em setembro. “Fomos surpreendidos pelo volume de pedidos, mas adotamos uma arrojada estratégia de mercado para suprir a demanda. Nossa produção que era de 145 unidades/ dia, no começo de 2007, passará para 270 a partir do próximo mês”, diz o presidente Roberto Cortes. Nesse mesmo caminho, Scania e Iveco fazem importantes ajustes em suas linhas de montagem.

Apesar dos grandes investimentos e das perspectivas de aumento da produção, os consumidores deverão enfrentar filas de espera ainda por um bom tempo, segundo o presidente do grupo Vocal, maior distribuidor Volvo da América Latina, Cláudio Zattar. Ele acredita que a situação irá perdurar até o segundo semestre de 2009, quando a indústria começará a equilibrar a oferta à demanda. “Venderemos neste ano quase dois mil caminhões, um crescimento de 42% em relação a 2007, quando as vendas já haviam subido 50%. Ninguém previa isso. Essa fila de espera, embora seja ruim para os consumidores, é um termômetro positivo do ritmo da atividade econômica, que está muito acelerado”, destaca Zattar. “Além disso, tanto a indústria quanto o operador logístico se planejaram antecipadamente. Quem precisa de caminhão para o fim do ano está encomendando desde agora”, completa.

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