Ao aparecer como sheik em Lawrence da Arábia, de 1962, o ator egípcio Omar Shariff ofuscou a própria estrela do filme, o ator irlandês Peter O’Toole. O feito não passou despercebido ao diretor David Lean, que três anos depois o colocou como o médico Yuri em Dr. Jivago, papel que o consagraria como galã de bigodinho e olhar penetrante, provocando suspiros em gerações consecutivas de mulheres. Aos 74 anos, o ator, que nos últimos anos dividiu seu tempo entre produções para a televisão e mesas de carteado, mostra que conservou o charme em Uma amizade sem fronteiras (Monsieur Ibrahim et les fleurs du Coran, França, 2003), que estréia no País, na sexta-feira 29.

Foi o próprio Shariff quem convenceu o diretor francês François Dupeyron a filmar a história, baseada no best-seller de Eric-Emmanuel Schmitt, sobre a convivência entre o comerciante turco Ibrahim (Shariff) e o larapiozinho Moisés (Pierre Boulanger), de 16 anos, apelidado Momo. Abandonado pela mãe e  dividindo o apartamento com o pai alcoólatra e frustrado, Momo tem a suprema felicidade de adolescer nos anos 1960, na Rue Blue, ponto de prostituição situado na Paris embalada pelo rock americano e pelas ousadias dos cineastas da nouvelle vague. Em determinado momento, quem surge em cena é a própria Brigitte Bardot, vivida por Isabelle Adjani. Em que pese as liberdades tomadas por Dupeyron, que usa na trilha a música Why can’t we live together, composta uma década depois da época enfocada, o filme conquista o público ao passar uma idéia de convivência pacífica entre judeus e árabes.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias