Novembro é o mês da consciência negra brasileira. É a data em que se relembra o mito maior, Zumbi dos Palmares, herói e líder político dos oprimidos que se instalou na serra da Barriga, em Pernambuco, no século XIX e se insurgiu contra a desigualdade racial. Estamos dois séculos adiante e hoje somos a segunda maior população de negros no mundo, perdendo apenas para a Nigéria. “Somos
46,5% de negros assumidos, fora os que não sabem se são mulatinhos, marrom-bombom ou qualquer coisa do gênero”, afirma a historiadora e socióloga Ruth Lopes, vice-presidente da Sociedade Afro-Brasileira de Desenvolvimento Sócio-Cultural (Afrobras). Para reforçar a luta contra as desigualdades que ainda existem, a Afrobras promoverá a entrega do Troféu Raça Negra 450 Anos de São Paulo, através do qual visa destacar as personalidades que contribuíram e que contribuem em diversas áreas para a construção e o desenvolvimento do País. “O objetivo do prêmio é reconhecer, exaltar e divulgar o valor das ações e realizações para a ampliação da valorização da raça negra como forma de promover visibilidade social”, ressalta José Vicente, presidente da Afrobras.

A entrega do prêmio, considerado o Oscar da comunidade negra, será no dia 12 de novembro, na Sala São Paulo. A alusão aos 450 anos da maior cidade do País tem uma razão de ser: “Aqui temos o maior contingente de negros do País. São 3,5 milhões e essa comunidade construiu esse gigante, esse país chamado São Paulo”, enfatiza Ruth. A primeira edição do troféu foi criada pela Afrobras em 2000 e este ano ele traz uma novidade. “Iremos premiar negros e não-negros”, diz Ruth. Entre as personalidades que se destacaram estão Mano Brown, Milton Nascimento, Djavan, Ronaldinho Gaúcho, Isabel Filardis, Daiane dos Santos, Jorge Aragão, entre outros. O público participa e pode eleger os seus favoritos através da revista Raça e do site www.trofeuracanegra.com.br. Também serão premiadas empresas e personalidades cujas iniciativas e ações tenham contribuído para a promoção, inclusão e valorização do negro. Entre os agraciados está o presidente Lula, que pela primeira vez na história nomeou negros para o primeiro escalão e indicou Joaquim Barbosa para o STF. O ministro Marco Aurélio, do Supremo, também está na lista. “Ele foi favorável às cotas aos negros e isso foi uma contribuição importantíssima”, avalia Ruth. E explica: “Mais de sete mil negros vão estudar em universidades públicas graças a isso. Ainda é um número pequeno, mas já é um avanço.”