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O Irã advertiu nesta terça-feira os países ocidentais que não devem interferir no caso de Sakineh Mohamadi Ashtiani, a mulher condenada à morte por apedrejamento por adultério e que teve a execução suspensa para análise.
"Os países independentes não permitem a outros países que interfiram em seus assuntos judiciais", afirmou à imprensa o porta-voz da chancelaria iraniana, Ramin Mehmanparast.
"Os países ocidentais não devem pressionar nem dar tanta atenção ao assunto", completou o porta-voz, para quem o pronunciamiento dessas nações contra a condenação é "irracional e tem um enfoque político".
Ao ser questionado sobre a proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de dar asilo a Sakineh Ashtiani no Brasil, Mehmanparast tentou ser diplomático.
"Quando Brasília receber os detalhes do caso, compreenderá que é um mero alvoroço criado para abalar as relações entre Brasil e Irã."
O presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, já havia manifestado uma opinião similar em uma entrevista ao canal iraniano em língua inglesa Press TV, exibida no domingo.
"Acredito que não há necessidade de criar problemas ao presidente Lula, nem de levá-la ao Brasil. Preferimos exportar para o Brasil nossa tecnologia e não esse tipo de gente. Creio que o problema será solucionado no Irã", disse Ahmadinejad.
Brasil e Irã trocaram várias mensagens nas últimas semanas pelo caso de Sakineh Mohamadi Ashtiani, de 43 anos e mãe de dois filhos, condenada a ser executada a pedradas no Irã por adultério e também acusada de cumplicidade no homicídio do marido.
Vários países ocidentais e grupos de defesa dos direitos humanos iniciaram uma intensa campanha para evitar a execução de Sakineh Ashtiani.
A execução da pena foi temporariamente suspensa pelo chefe da autoridade judicial iraniana, Sadeq Larijani.
Na semana passada, o advogado da iraniana, Hutan Kian, afirmou ao jornal britânico The Guardian que sua cliente foi agredida violentamente e torturada para que aceitasse admitir a culpa em uma entrevista exibida pela televisão iraniana.
Sakineh Mohamadi Ashtiani foi condenada em 2006 por ter mantido "relações ilegais" com dois homens depois da morte do marido. A sentença de apedrejamento provocou uma onda de indignação em todo o mundo e foi suspensa temporariamente pelo ministro da Justiça, Sadeq Larijani.
O advogado manifestou o temor de que o governo iraniano execute a cliente, que teve a pena transformada em morte por enforcamento no mês passado.