É difícil imaginar uma dor pior para uma mãe do que enterrar um filho. O roteirista Gerald Di Piego e o diretor Joseph Ruben bem que tentaram ir além em Os esquecidos (The forgotten, Estados Unidos, 2004), que tem estréia nacional na sexta-feira 5. Telly Paretta (Julianne Moore) é uma mulher inconformada com o desaparecimento do filho de oito anos em um acidente aéreo. Nova-iorquina dos pés à cabeça, do capote justo ao Volvo vermelho, ela é obrigada a suportar a aparente indiferença do marido (Anthony Edwards) e o ar condescendente do terapeuta (Gary Sinise), que a aconselha a se desapegar de sua obsessão pelo menino. E isso começa a acontecer. Só que à revelia de Telly. Fotos somem, vídeos são apagados até que lhe informam que tudo não passa de delírio, uma extremada reação defensiva após um aborto.

Assim, o espectador que passou a primeira hora sendo preparado para um melodrama pesado, sem mais nem menos se vê no meio de um episódio de Arquivo X com direito a brigas entre a polícia local – que nunca sabe nada –  e a federal – que pensa que sabe tudo. Exatamente como na série da televisão.  A bela Julianne consegue iluminar a presença do ator britânico Dominic West, muito parecido com o jogador Raí, até no desconforto que aparenta diante das câmeras. Não fosse o talento da atriz e a qualidade da produção, ao filme caberia mesmo o esquecimento.