Nascido em 1857, em Terechowa, Polônia, região da atual Ucrânia, James Conrad escrevia em inglês. Envoltas em mistério, histórias como as de Lord Jim, Nostromo, Vitória e O agente secreto chegaram às telas – O coração das trevas, por exemplo, considerado sua obra-prima, inspirou o igualmente celebrado Apocalypse now, filme de Francis Ford Coppola. Duas histórias (Revan, 116 págs., R$ 22), trazendo os contos inéditos Karain: uma memória e Um posto avançado do progresso, é um bom exemplo da literatura de Conrad, que abraçou a profissão aos 38 anos, incentivado pelo escritor H. G. Wells.

Antes, Conrad – que morreu em 1924 – havia rodado o mundo durante duas décadas como marinheiro. Tal vivência fica explícita na ambientação das duas histórias, coincidentemente passadas na Malásia. A primeira usa como artifício a narrativa dentro da narrativa, como explica o crítico José Castello na apresentação do livro. Karain é um homem obcecado por fantasmas e seu comportamento influencia quem o ouve. Na segunda, em que satiriza o progresso, o cronista do fantástico, que deixou sua marca em O coração das trevas, se sobressai. Ecos vindos das aventuras de Marco Polo, cujas sementes germinaram em Dino Buzatti e Hugo Pratt.


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