Primeiro, o pai. Depois, a mãe. Na sequência, um irmão de quatro anos. Sobrou a irmã de 11. Aí ele errou. Foi assim que um garoto de 14 anos, armado com uma escopeta, assassinou quase toda a sua família na pequena cidade francesa de Ancourteville-sur-Hericourt. O garoto assassino chama-se Pierre. Vale a pena, aqui, interromper a história trágica do presente e dar um giro na roda do tempo em direção ao passado. Foi nessa mesma região francesa que outro Pierre, o camponês Pierre Rivière, degolou sua mãe, irmã e irmão em 1835. O seu crime acabou inspirando uma das mais célebres obras da criminologia e da sociologia do século XX, assinada por Michel Foucalt. Até hoje a psicologia discute e tenta interpretar Pierre Rivière. De volta ao crime do presente, mais precisamente ao dessa quarta-feira 27, uma equipe de psicólogos franceses já está reunida com o Pierre atual. E a perplexidade é a mesma. “O garoto permanece assustadoramente calmo”, disse o procurador de justiça Michel Lévy.

O pouco que sabe dá conta de que Pierre teve repentinamente a idéia de matar os seus familiares enquanto fazia a sua lição de escola. Não havia ninguém em casa, além dele. Então o garoto muniu-se da escopeta, ligou a tevê para assistir ao desenho animado Shrek e ficou esperando a família chegar. Então, um a um, foi abatendo todos eles. Apenas a irmã sobreviveu (isso até a quinta-feira 28), apesar de gravemente ferida.