Uma corrida de aventura não é apenas um duro  teste para músculos, cartilagens e articulações. Os sentimentos dos que se arriscam a praticar  essa inclemente modalidade esportiva também são levados às últimas consequências. Ter  equilíbrio e saber lidar com as diversas sensações vividas durante a competição é um desafio tão grande quanto encarar os 445 quilômetros do Ecomotion/Pro, a maior prova de aventura do País, disputada entre os dias 18 e 23 de outubro na Costa do Dendê, litoral sul da Bahia. O evento contou com o apoio de IstoÉ. Quarenta e nove equipes, 11 delas estrangeiras, encararam 107,5 quilômetros de trekking (caminhada), 185,2 de mountain bike, 140 de canoagem, dois de rafting (descida de rios com corredeiras) e 86 metros de técnicas de escalada. Além das temperaturas que beiravam os 40 graus nos primeiros dias de competição, da metade para o final da disputa os competidores foram obrigados a encarar um outro adversário, improvável nessa bela e inóspita região baiana. Uma chuvinha chata e intermitente castigou os aventureiros.

Foi, literalmente, uma ducha fria no humor da turma. A paulista Mitsubishi Salomon Quasar Lontra foi a que melhor lidou com todas as vicissitudes climáticas e chegou em primeiro lugar à praia do Rezende, em Itacaré, ponto final desse verdadeiro enduro humano. O time formado por Rafael Campos, Marina Verdini, Luiz Antônio Barbosa e Vinícius Cruz atropelou americanos, ingleses, espanhóis, tchecos, franceses, colombianos, uruguaios, neozelandeses, finlandeses, e mais uma centena de brasileiros, e faturou os US$ 35 mil destinados ao vencedor. Somou ainda importantes pontos no ranking do AR World Series, o circuito mundial da categoria. O Ecomotion entrou para a elite das corridas de aventura. Mais uma vitória de Said Aiach Neto, dono da Ecomotion Outdoors Sports Marketing, empresa organizadora do rali humano brasileiro. “Como em qualquer competição desse tipo, sempre há alguns contratempos. Mas o balanço final foi mais do que positivo. A estrutura funcionou bem e recebemos diversos elogios das equipes de fora”, diz Said. Apesar de alguns pequenos problemas com os moradores locais contratados para dar apoio aos times de fora do País e de algumas falhas no sistema de comunicação, a grande maioria das equipes gringas elogiou a organização. Alguns até com entusiasmo. Caso do americano Paul Romero, da americana Epinephrin. “Foi o melhor desenho de corrida de aventura de que já participei na vida. A prova teve várias transições de modalidades que tornaram a corrida ágil, permitindo que todo mundo exercitasse habilidades de navegação, estratégia, remo, trekking e mountain biking”, afirmou Paul, que tem mais de 150 provas de aventura nas costas. Antes, durante e depois da maratona, IstoÉ solicitou a sete atletas que relatassem de que forma lidam com sentimentos determinantes para o bom desempenho de um corredor de aventura. Eles estão presentes no cotidiano de qualquer mortal. Porém, quando se fica dias enfiado no mato, sem dormir, passando fome, frio, calor, medo e dor, entre outros desconfortos, qualquer centelha tem o potencial de explosão de uma bomba nuclear. Em todos os sentidos.