Fazer o diagnóstico precoce do glaucoma, doença que prejudica o nervo óptico  e afeta entre 1% e 2% das pessoas  acima de 60 anos, é hoje uma das maiores preocupações dos oftalmologistas. Essa foi uma das tônicas do Congresso da Academia Americana de Oftalmologia, realizado na semana passada nos EUA. Naquele país, metade dos portadores não sabe que convive com a enfermidade. “O glaucoma é uma das maiores causas de cegueira irreversível. No Brasil, apesar de não haver dados, esse padrão se repete”, diz Carmo Mandia, presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma.

Os especialistas procuram formas de reduzir o impacto da enfermidade.  Assim como a hipertensão arterial, o glaucoma não dá sintomas e, em geral, é descoberto quando já provocou danos na visão. “As pessoas só chegam ao consultório quando enxergam um campo visual menor”, diz o médico Augusto Paranhos, da Universidade Federal de São Paulo.

Um dos objetivos é criar um teste de risco. Mas há dificuldades para desenvolver algo como a tabela que indica as chances de problemas cardíacos, por exemplo. Por isso, os médicos acreditam que o exame do fundo do olho, que mostra as lesões do nervo, é o mais adequado para detectar a doença em estágio inicial, com menor margem de erro. Hoje, um dos recursos usados para o diagnóstico é medir a pressão intraocular. O exame deve ser feito a cada dois anos a partir dos 40 anos. Se a pessoa tiver um dos fatores de risco (hipertensão intraocular, mais de 60 anos, ser negro ou ter ascendência oriental), o teste deve ser anual. No entanto, existem dúvidas quanto a sua eficácia total. “Há pessoas com alta pressão intraocular que não manifestam a doença e outras que não têm o sinal e apresentam glaucoma”, afirma Jeffrey Liebmann, diretor do Serviço de Glaucoma de Manhattan. O médico Remo Susanna, da Universidade de São Paulo, concorda. “Quando o diagnóstico é feito apenas com base na pressão interna do olho, 40% dos casos não são diagnosticados”, diz. Em geral,o tratamento é feito com colírios específicos. Cirurgia, só em último caso.

A jornalista viajou a convite da Pfizer