Repudio veementemente as acusações de IstoÉ na matéria “Riqueza clandestina” publicada na edição de 14 de julho. Estou profundamente indignado com a leviandade absoluta das afirmações contidas na matéria e a total irresponsabilidade com que a seriedade da conduta de um cidadão é posta em dúvida com base em afirmações falsas que não foram verificadas.

IstoÉ tenta relacionar com evidente má fé minha atividade empresarial anterior à entrada no Ministério da Cultura com meu trabalho no serviço público a partir de 2003. Como não possuía nenhum indício sólido para tais afirmações, mistura as datas, propositalmente, e insinua que usei recursos da Lei Rouanet para fazer remessa ao exterior. Na verdade, a quantia aludida é perfeitamente legítima e relativa à venda de bens declarados de minha propriedade, remetidos rigorosamente conforme os trâmites legais, através do Unibanco. Afirma também que omiti dados da declaração de renda o que é absolutamente inverídico conforme a própria Receita pode confirmar. Acusa-me, finalmente, juntamente com o Ministro Gilberto Gil, de improbidade administrativa num suposto favorecimento para publicar livros da editora de que fui sócio por meio da Lei Rouanet. O Ministério da Cultura já se manifestou em nota oficial a esse respeito, negando claramente mais esta informação falsa da reportagem, que coloca em minha boca afirmação que nunca pronunciei (“minha declaração de renda é mesmo esquisita”) e que  desafio que IstoÉ prove que ouviu de mim. Além disso, um erro crasso que  nenhuma pessoa medianamente informada cometeria já bastaria para desqualificar a matéria: IstoÉ afirma que o Ministro Gil encarregou-me da “missão de comprar todos os livros para o ensino público do país”. Qualquer jornalista iniciante sabe perfeitamente que esta é uma das funções principais do Ministério da Educação e não da Cultura e que esta atividade movimenta anualmente várias vezes o orçamento total da Cultura. Fica claro o absurdo!

Há um ano e meio, estou tentando colaborar com o enorme esforço do Ministro Gilberto Gil no Ministério da Cultura e fazer com todo empenho e seriedade o melhor trabalho possível na área que me cabe na Biblioteca Nacional. É muito duro enfrentar a mais absoluta desfaçatez com que acusações da maior gravidade são feitas de forma irresponsável pela revista IstoÉ.

Pedro Corrêa do Lago
Presidente da Biblioteca Nacional e Secretário Nacional do Livro e da Leitura